“As grandes empresas são um alvo fácil do poder político” e continuam a ser “discriminadas negativamente na vida fiscal portuguesa”, afirmou ontem António Pires de Lima, presidente do BCSD Portugal e CEO da Brisa, na abertura do ESG Talks – Reconstruir o Futuro, um ciclo de conferências que hoje tem início em Carcavelos sobre sustentabilidade ambiental, social e governança corporativa.
O também ex-ministro da Economia do governo PSD/CDS sublinhou que, em Portugal, as cerca de 800 grandes empresas existentes são responsáveis pela produção de um terço do VAB e por 50% do investimento em inovação, pagando aos seus trabalhadores “um salário médio que é entre 50% a duas vezes superior ao salário médio do tecido empresarial” nacional. “O sonho de muitas pequenas e médias empresas é, um dia, serem grandes empresas e internacionalizarem a atividade”, disse ainda o gestor, numa altura em que se discute a criação de uma taxa sobre os lucros extraordinários das empresas, em Portugal como na Europa.
Declarando o compromisso das mais de 140 empresas associadas do BCSD Portugal, organismo a que preside, com a sustentabilidade ambiental e social, Pires de Lima considerou que, no que diz respeito à diversidade de género, “há um gap de mulheres” na direção e administração das empresas e também na política, o que prejudica “a qualidade da governação”. Citou ainda um estudo da consultora McKinsey, que indica que a diversidade de género torna as empresas mais competitivas e capazes de gerarem melhores resultados financeiros. “Cá só 25% dos cargos são de mulheres”, rematou, colocando o desafio da igualdade nas prioridades da organização que dirige para os próximos três anos.
O empenho do BSCD nas metas ambientais e na descarbonização da economia foi também reafirmado pelo responsável, que recordou que 45% das emissões de gases com efeitos nocivos são provocados por dois setores: energia e transportes. Defendeu, por isso, a elaboração de planos concretos para a área da mobilidade, exemplificando com o pacto para a mobilidade assinado em julho com a cidade de Braga, envolvendo a autarquia e cerca de 30 empresas, com o objetivo de “ajudar a região na evolução para uma mobilidade mais sustentável”, à semelhança do que o BSCD já tinha feito com a cidade de Lisboa. “O papel do BCSD é ser parceiro do Estado e das autarquias para dar passos no sentido da sustentabilidade ambiental”, acrescentou.