Portugal e a Batalha do Atlântico levanta o véu sobre os perto de 400 navios afundados em águas portuguesas durante o conflito, um trabalho de investigação de Ricardo Silva. Apesar do País se ter mantido neutral durante o conflito, os combates foram muito intensos – assim como foram intensos os salvamentos efetuados pela Marinha nacional ou por barcos com bandeira portuguesa, também aqui recordados. A Batalha do Atlântico começara a apenas três dias quando o paquete Carvalho Araújo recolheu os 16 tripulantes do vapor inglês Manaar, atacado por um submarino alemão a escassas 70 milhas do cabo da Roca.
O Alpha foi o primeiro navio português a ser afundado, logo em 1940, um ano após o início da guerra. O cargueiro, transportando bananas, foi ferido de morte por oito aviões alemães quando se encontrava perto de Brest, em França. Seria o primeiro, mas não o único: navios mercantes da linha de África, bacalhoeiros da Terra Nova, barcos da costa pesqueira e até um navio da Cruz Vermelha não chegaram a bom porto. São essas as histórias desvendadas nesta edição, onde se relata também a intensa atividade de espionagem marítima (os alemães recrutaram em Lisboa telegrafistas, estivadores e embarcadiços), o papel estratégico dos Açores (num artigo assinado por Pedro Aires de Oliveira, professor da Universidade Nova de Lisboa) e a importância da pesca do bacalhau para Portugal neste período (analisada por Álvaro Garrido, investigador da Universidade de Coimbra).
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SUMÁRIO
Cronologia 1939-1945
Oceano Atlântico, campo de batalha
A guerra cinzenta
Nas águas do Atlântico travou-se ininterruptamente, durante cinco anos, oito meses e cinco dias, a mais longa, menos carismática e porventura mais decisiva campanha da II Guerra Mundial. No oceano não houve países ocupados pelo Eixo, deportações em massa para os campos da morte ou atos de bravura dos movimentos de resistência, mas sem a desgastante e diuturna luta pela manutenção da cadeia de abastecimentos a que chamamos Batalha do Atlântico nunca os Aliados teriam podiado triunfar nos campos de batalha terrestres
O afundamento do Bismark
O couraçado da Kriegsmarine soçobrou aos ataques da aviação. Abria-se novo capítulo do livro das táticas de guerra
Os lodos do Rio da Prata
A batalha entre o “couraçado de bolso” alemão Admiral Graf von Spee e os cruzadores britânicos Exeter, Ajax e Achille é um dos mais célebres episódios da guerra naval
Infografia: as ‘armas’ no mar
Aliados e Eixo produziram navios e armamentos cada vez mais complexos e eficientes
Um pirilampo nas trevas
Durante a escuridão em que a II Guerra Mundial fez mergulhar a Europa e o mundo, Portugal, apesar de governado por uma implacável ditadura, emitiu uma luzinha que orientou milhares de desesperados
‘Lisa’ e os espiões
Os alemães recrutaram em Lisboa telegrafistas, estivadores, embarcadiços e prostitutas, para criar uma organização de espionagem marítima que contribuiu para o afundamento de navios ao largo da nossa costa
Gago Coutinho na rota de Álvares Cabral
Gago Coutinho atravessou o Atlântico à vela em plena II Guerra Mundial. Objetivo: apontar o que considerava serem erros dos académicos
O herói português da marinha holandesa
Manuel Avelino salvou os seus companheiros do Colombia, torpedeado por um U-Boot, e uma praça pública tem hoje o seu nome
Combates nas nossas águas
As águas portuguesas não escaparam a duros combates, apesar da não participação direta do País no conflito
Os anjos da guarda
Navios com a bandeira das quinas participaram em muitas ações de salvamento de náufragos de embarcações atacadas e afundadas
Os barcos da esperança
Dezenas embarcações portuguesas, além das de outras nacionalidades, levaram de Lisboa para as Américas muitos milhares de europeus em fuga do terror nazi
O acordo secreto luso-alemão
Em 1944, Portugal comprou seis navios a Berlim e financiou o esforço de guerra nazi; os “velhos aliados” ingleses fecharam os olhos
Mapa: os locais dos afundamentos
Do Atlântico ao Mediterrâneo, 11 navios portugueses foram vítimas de submarinos e aviões
Navio ao fundo!
Onze navios mercantes portugueses foram afundados, no Atlântico e no Mediterrâneo, durante a II Guerra Mundial. A neutralidade da bandeira das quinas nem sempre foi, pois, argumento suficiente para escapar aos horrores do conflito
A tragédia dos lugres
Os navios bacalhoeiros Maria da Glória e Delães foram impiedosamente alvejados e afundados pelos submarinos germânicos U-94 e U-96. Nem a bandeira portuguesa nem sua missão pacífica os salvaram dos golpes da Kriegsmarine
Os Açores entre duas hegemonias
Entre as esferas de influência britânica e americana, e debaixo da cobiça alemã, o arquipélado português desempenha um papel geoestratégico de relevo desde o último quartel do século XIX
A luta pelo arquipélago
Se Portugal desempenhou papel ativo na II Guerra Mundial, foi sobretudo em torno da disputa pela posse dos Açores e das conversações com ele relacionados
Os americanos chegam às ilhas
A instalação dos militares dos EUA nos Açores teve percalços de toda a ordem, alguns trágicos, outros apenas pitorescos
A Frota Branca e a ‘Questão do Bacalhau’
Como uma operação de propaganda do regime se entrelaça com as contingências da guerra e com o problema dos racionamentos