Professores e a greve: Quatro dias de férias e um país de ilusões
“Os professores, que adoram fazer greves antes do fim de semana, continuam amanhã para terem quatro dias de fim de semana” — disse Miguel Sousa Tavares, na CNN, como quem revela um segredo de Estado. Ironia das ironias: afinal, a luta pela dignidade resume-se a um pacote turístico de 96 horas. Será esta a nova teoria da educação nacional?
Mundo em decadência? Entre a eficácia e o crepúsculo do humanismo
Educação, Cultura e Arte não são ornamentos: são estruturas de resistência. Sem pensamento, não há liberdade; sem liberdade, não há dignidade
Os afetos de Espinosa e Montaigne no tempo da Inteligência Artificial
Num mundo onde se fala para vencer e não para compreender, a simples disposição para escutar o outro – com as suas contradições, com as suas feridas – torna-se um ato subversivo. A IA pode imitar a ternura, mas não pode habitá-la
Tutores de IA? Vamos lá mas é acabar com as escolas!
A lógica é impecável. Se a educação é um custo e não um investimento, se o saber pode ser instantaneamente descarregado como um ficheiro e se aprender é apenas acumular dados, então sim: fechemos as portas das escolas, desliguemos os projetores, despejemos os livros nos contentores e deixemos os algoritmos cuidar da formação das novas gerações. Afinal, quem precisa de um professor quando se tem um chatbot com respostas “neutras”, “objetivas” e “imparciais”?
A faca nas costas: Uma arma de massa civil
A maledicência, como todo o bom espetáculo, exige plateia: um ouvido complacente, um like, um “pois é, também reparei”, um “não me admira nada”. É nesse pacto mudo entre falador e ouvinte que a faca se afia — e as costas alheias, impiedosamente, se oferecem como alvo
270 anos depois Lisboa ainda treme – e a democracia também
Voltaire viu com clareza: o medo gera fanatismo; a incerteza alimenta o desejo de certezas absolutas. Mas, em vez de ceder a elas, propôs outra via: a do trabalho paciente da razão, da crítica, da reforma gradual
O espelho partido da Democracia: Narcisismo e a crise da representação política
O narcisismo político manifesta-se também na forma como certos líderes se relacionam com os media e com as redes sociais. A exposição constante, a necessidade de validação pública e a dramatização de cada gesto ou palavra revelam uma dependência do olhar alheio. O político narcisista não governa — representa
Quando os adultos desaparecem, as crianças e jovens perdem o chão
O caso de Vagos não é apenas um drama judicial. É um espelho cruel. Nele vemos o que acontece quando a responsabilidade coletiva — dos pais, da família, da escola, da comunidade — se esfarela. Quando cada um espera que o outro cuide do que é de todos. Quando a paternidade e a maternidade se reduzem a funções biológicas ou logísticas, e deixam de ser atos contínuos de presença, de coragem, de amor exigente
Bem-vindos à era da nowstalgia
Quando o medo do futuro nos faz viver no passado que afinal nunca existiu
Entre o véu e a República: porque a burca não tem lugar nos espaços públicos portugueses
A liberdade religiosa é um direito fundamental — mas não absoluto. Quando entra em conflito com outros direitos fundamentais, como a igualdade entre homens e mulheres ou a segurança coletiva, exige-se equilíbrio. E nesse equilíbrio, o rosto descoberto não é um luxo: é uma condição mínima de dignidade, de reconhecimento, de pertença a uma comunidade de iguais
As escolas podem ser jardins de sabedoria cruzada
O envelhecimento da classe docente não tem de ser uma tragédia. Pode até ser uma oportunidade para mudar o sistema de ensino. Como demonstram alguns exemplos no estrangeiro
Educar é resistir – E resistir hoje é dizer: Até aos 13 sem redes sociais
A infância não é um território livre para algoritmos – é um santuário que os pais têm o dever de vigiar, como se vigia e cuida de um jardim
O orgulho de falar português
Quando um português parte para o Canadá, um brasileiro se estabelece em Portugal, um angolano leva a sua poesia para Paris ou um timorense ensina o português em Darwin, não está apenas a adaptar-se - está a expandir um universo simbólico
O preço da proteção: quando o amor se transforma em exclusão
O discurso populista desloca a responsabilidade, a culpa. Aponta para quem é mais fraco, mais visível, mais fácil de estigmatizar