Henrique Costa Santos, gestor, produtor e programador cultural em organizações como Boom Festival, Fôlego, Festival Todos e FOLIO. Formado em Lisboa, Londres, Bruxelas e Florianópolis, viveu em quatro continentes em quatro anos. Criou a Safari Produções, que concilia as artes e uma vocação ambiental. Estudou jazz no Hot Clube e flauta transversal no Conservatório de Música de Cascais. Fez a quarta classe com a Professora Hermínia. É mestre em Gestão Cultural pelo ISCTE.
Solidão
Individualmente, precisamos de acordar para o mundo à nossa volta: família, amigos, colegas, os rostos que compõem a nossa comunidade. Não adianta “acreditar em nós” se não acreditamos nos outros
Musk e Zuckerberg na Estrada da Ameixoeira
Se a batalha entre Musk e Zuckerberg envolver recuperar o modelo dos velhos duelos de honra (ilegalizado em 1852), onde dois homens se batem de mãozinha na cintura e florete em riste, com testemunhas seríssimas de chapéu e bengala, até que um dos mosqueteiros golpeia o oponente no ombro ou lhe vaza uma vista, por mim pode ser. Com uma condição...
Carta aberta ao sr. Pieter Levels
Os jovens portugueses têm feito de tudo para inflacionar os preços nos centros urbanos. Os sucessivos governos anti-nómadas digitais subiram de tal modo os salários no país que as famílias portuguesas se dedicam exclusivamente à especulação imobiliária. A ironia de Henrique Costa Santos, em mais um Café Central
Desculpe, este kizomba é seu?
O debate sobre as colunas portáteis configura um debate clássico sobre liberdades e os seus limites. Como no tema da liberdade de expressão, tão em voga, acabamos muitas vezes a tê-lo num ping-pong entre quem acredita em liberdades absolutas e quem vê na interdição todas as chaves do Totoloto
Ó meu rico Parlamento Europeu
Sem um esforço pedagógico para promover uma noção ampla da importância do voto, em especial num momento tão decisivo para o futuro das democracias europeias, levar as urnas para a praia não resolverá o problema. Muito menos rezar aos santinhos
Dar cabo da boa esperança
Nos túneis do Metro de Lisboa, onde as obras e a falta de alternativas têm ditado o caos, ecoa a sensação de desprezo por quem cá vive e trabalha todos os dias. O problema não são as obras, que nalgum momento têm de ser feitas. É a negligência
Mexicanização à portuguesa
A alimentação incessante de escândalos – ora pelos seus protagonistas, ora pelo sensacionalismo mediático – está a instalar a perceção de que o País é uma balda, governada por incompetentes e intriguistas. O que obviamente não é verdade. A vida real do País não é o SMS que vai parar aos jornais
Aeroporto Internacional D. Sebastião
Pago a minha parte dos impostos, a minha família também, confiando nos técnicos contratados para fazer o seu trabalho. Assim, olho para esta eterna Busca do Vale Encantado como ilustração máxima da inércia nacional
Não há Tik sem Tok
Se algum influencer do TikTok estiver a ler isto, faça o favor de recomendar a bíblia da Shoshanna Zuboff, o “Weapons of Mass Destruction” da Cathy O’Neil ou o “Capital no século XXI” de Thomas Piketty. Enquanto o estranho caso do balão de espionagem TikTok evolui, ou não, tenho a certeza de que todos estes livros darão umas belas coreografias. Vai ser viral
Agasalha-te, David
Se o ultraconservadorismo é um fenómeno global e tem os seus líderes, a culpa também é dos ultratolerantes que aceitam o atropelo do bom senso, para evitar problemas. Pelo sim, pelo não, agasalha-te, David. Não queremos arreliar ninguém
Não são as cebolas que fazem chorar
A subida dos preços no setor da alimentação é o principal vetor da inflação no país. Segundo a DECO, as frutas e os legumes, por exemplo, subiram perto de 35% no espaço de um ano
Proprietários de todos os países, uni-vos!
A avaliar pelos argumentos expostos nos painéis de comentário, vários dos mais sonantes líderes de opinião não vivem, não sentem – nem fazem o suficiente para conhecer – os problemas enfrentados pelos portugueses comuns nesta crise
As desculpas não se pedem
A total desproteção dos imigrantes não-europeus em Portugal - agravada no caso dos trabalhadores do Bangladesh, da Índia, do Nepal, do Paquistão - choca-nos e revolta-nos, caso a caso, acendendo pavios sempre curtos e inconsequentes
Uma ministra pode ter 34 anos?
A crise na Habitação em Portugal resulta de décadas de negligência e más políticas. Que papel terá a idade dos sucessivos decisores neste contínuo desastre?
Tem a palavra o Dr. Robô
O progresso da Inteligência Artificial é tão fascinante quanto assustador. Nos últimos anos, os robôs testemunharam a sua própria e vertiginosa mobilidade social: passaram de lavradores, escavadores e empilhadores a académicos, compositores e advogados
Meter os papéis para a reforma da Educação
Descentralizar o recrutamento de professores é essencial à missão da escola pública. Num bairro problemático lisboeta, ou numa aldeia em Beja, os alunos têm necessidades diferentes. Logicamente, os perfis dos professores devem corresponder
2022: normalidade enganosa
Lembra-se de quando 2020 ganhou o título de annus horribilis? Mal sonhávamos nós. O calendário que agora se inicia promete continuar a estar à altura deste desígnio. Vai doer. A crise económica e as tensões internacionais, com a complexificação do xadrez global, permitem antecipar um ano duro, com carências, tumultos e contestação social
Duas jovens à conversa
Estamos a léguas de vencer a ideia de que o político por excelência é o sisudo strongman
Qatar do Alentejo
De pouco nos vale pedir comentários aos governantes sobre os direitos humanos no Qatar, seguir hashtags e influencers, vestir a t-shirt da Amnistia, se assobiamos para o lado quando a escravatura joga em casa
Grande Alucinação
De acordo com um estudo da Associated Press-NORC, um terço (32%) dos americanos acredita hoje que existe um plano obscuro do Partido Democrata para deixar entrar imigrantes não-brancos no país e tomar controlo. Um terço. É, além do mais, uma ideia assassina
Amanhã vai ser outro dia
Os próximos tempos serão duros, avizinham-se dias de alerta, e é provável que o ódio tente fazer das suas. Ainda assim, este é sem dúvida um dia de festa para a democracia e um rasgo de esperança