Henrique Costa Santos

Produtor cultural

Henrique Costa Santos, gestor, produtor e programador cultural em organizações como Boom Festival, Fôlego, Festival Todos e FOLIO. Formado em Lisboa, Londres, Bruxelas e Florianópolis, viveu em quatro continentes em quatro anos. Criou a Safari Produções, que concilia as artes e uma vocação ambiental. Estudou jazz no Hot Clube e flauta transversal no Conservatório de Música de Cascais. Fez a quarta classe com a Professora Hermínia. É mestre em Gestão Cultural pelo ISCTE.

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Passas do Allgarve

Disclaimer: proponho olhar para o Algarve como região onde problemas presentes em todo o território se revelam com particular clareza. Um espelho do País, não uma realidade à parte

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Votar com o dedo do meio

Há um dito que diz “quando um sábio aponta o céu, o tonto olha para o dedo”. Perante um milhão de pessoas a votar com o dedo do meio, há que saber olhar para o céu

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Cabelo à lua

Nenhum governo trará justiça e prosperidade ao País sem criar espaço para refletirmos e agirmos sobre o nosso tempo. Sobre a cultura, sobre a ciência, sobre o ambiente, sobre o futuro. Nada disto é matéria de extraterrestres

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1% (do debate) para a cultura

Já aqui critiquei o formato dos debates eleitorais. Não compreendo uma grelha televisiva que dá quinze minutos a cada candidato, três perguntas e ala que se faz tarde, e logo oferece horas intermináveis ao comentário sobre o mesmo debate. Alô, futebol? Tudo neste formato promove o espetáculo televisivo, onde uma conversa civilizada será sempre “morna”, aborrecida, e o golpe baixo será “disruptivo”, um pico de audiências

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Spotify: toda a música do mundo por 0,002€

Para conseguir pagar um jantar, um artista tem de ser ouvido dez mil vezes. O streaming faz as maravilhas dos utilizadores – eu sou um deles -, oferecendo o milagre de levar no bolso uma riqueza incalculável, o melhor que já se fez na música. Infelizmente, à moda do admirável novo mundo, os verdadeiros autores do trabalho são compensados com a vaga “oportunidade” de estarem expostos numa montra mundial. O mal é que essa grande oportunidade não paga contas

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Hot Clube: a Alegria de porta fechada

O Hot é, há décadas, uma instituição incontornável no panorama cultural e artístico nacional - na formação, criação e produção musical - e o seu encerramento é assunto da cidade e do país

Café Central

Prognósticos só no final do ano

A forma como permitimos que os algoritmos penetrem na nossa vida íntima, do acordar ao deitar, durante as refeições, o trabalho e as pausas, sozinhos ou acompanhados, com informação filtrada e emoções primárias, está a intoxicar-nos

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O tio facho, a prima comuna

Sei que, para muitos, lidar com a família é um exercício diplomático de alto risco. Dito isto, acho a generalização deste estereótipo – o tal familiar que tem de ser posto na ordem – sintoma de um processo de balcanização em curso, com o qual perdemos todos

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Cultura, o tema fantasma

A ausência de debate em torno daquilo que mais existe de básico – a Cultura, erradamente colada à visão dos camarotes do Teatro São Carlos – condena o País ao marasmo

Café Central

Futuro? Afuera!

Os populistas modernos aí estão: falam como quem está fora do sistema (por mais que floresçam lá dentro), sem medo da elite (por mais que a elite os financie) e prometem resgatar a “ordem” (financeira, social, os bons costumes) perante uma população cansada

Café Central

Ninguém ganha nada com isto

Só ganha com este nevoeiro a fação do extremismo. Quem perde é a Democracia. Aqueles que, por não gostarem de António Costa, pensam ter aqui uma boa notícia estão desligados da realidade

Café Central

O Summit que merecemos

Sem desprimor para a indústria da bifana, acredito que a Web Summit ganharia em tornar-se numa conferência de tecnologia capaz de emancipar o talento e a criatividade a partir daquilo que existe por cá, na ciência, na inovação, na cultura

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Miss Humanidade

Se, infelizmente, não é surpresa que a eleição de uma mulher transgénero neste concurso traga à tona o pior do lodo nas caixas de comentários, não imaginei tamanho festival de desumanidade nos canais convencionais

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A maioria das pessoas

Tratar esta manifestação como qualquer outra, avaliando-a pelo número de participantes, é não querer compreendê-la. O sufoco daqueles que mais têm sofrido, em silêncio, com a onda interminável de crises dos últimos anos tem disseminado uma revolta que começa a fazer-se ouvir. Estes milhares são, na verdade, milhões de pessoas

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Feng Shui para quem não tem casa

A situação a que chegámos resulta da negligência prolongada e de uma fé na ideia de que o mercado se autorregula

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Solidão

Individualmente, precisamos de acordar para o mundo à nossa volta: família, amigos, colegas, os rostos que compõem a nossa comunidade. Não adianta “acreditar em nós” se não acreditamos nos outros

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Musk e Zuckerberg na Estrada da Ameixoeira

Se a batalha entre Musk e Zuckerberg envolver recuperar o modelo dos velhos duelos de honra (ilegalizado em 1852), onde dois homens se batem de mãozinha na cintura e florete em riste, com testemunhas seríssimas de chapéu e bengala, até que um dos mosqueteiros golpeia o oponente no ombro ou lhe vaza uma vista, por mim pode ser. Com uma condição...

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Carta aberta ao sr. Pieter Levels

Os jovens portugueses têm feito de tudo para inflacionar os preços nos centros urbanos. Os sucessivos governos anti-nómadas digitais subiram de tal modo os salários no país que as famílias portuguesas se dedicam exclusivamente à especulação imobiliária. A ironia de Henrique Costa Santos, em mais um Café Central

Café Central

Desculpe, este kizomba é seu?

O debate sobre as colunas portáteis configura um debate clássico sobre liberdades e os seus limites. Como no tema da liberdade de expressão, tão em voga, acabamos muitas vezes a tê-lo num ping-pong entre quem acredita em liberdades absolutas e quem vê na interdição todas as chaves do Totoloto

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Ó meu rico Parlamento Europeu

Sem um esforço pedagógico para promover uma noção ampla da importância do voto, em especial num momento tão decisivo para o futuro das democracias europeias, levar as urnas para a praia não resolverá o problema. Muito menos rezar aos santinhos

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Dar cabo da boa esperança

Nos túneis do Metro de Lisboa, onde as obras e a falta de alternativas têm ditado o caos, ecoa a sensação de desprezo por quem cá vive e trabalha todos os dias. O problema não são as obras, que nalgum momento têm de ser feitas. É a negligência