Está visto que Benjamin Netanyahu não tem quaisquer pruridos em esbracejar pela sua sobrevivência política recorrendo a uma guerra sem fim. Ou, literalmente, à bomba. Mais do que surpreendida, a sociedade israelita ficou em choque com a ordem do primeiro-ministro, na terça-feira, 18, de estilhaçar o cessar-fogo que vigorava desde janeiro – e que permitiu, numa primeira fase, a libertação de 38 reféns na posse do Hamas e o regresso a casa de cerca de dois mil prisioneiros palestinianos -, retomando os bombardeamentos aéreos e os ataques terrestres contra Gaza. A primeira investida causou logo mais de 400 mortos, marcando um dos dias mais sangrentos desde o início da guerra, para não falar do bloqueio total da ajuda humanitária que deveria entrar na Faixa de Gaza.
Benjamin Netanyahu afirmou que, a partir de agora, as negociações com o Hamas vão ser levadas a cabo “sob fogo”, justificando o retomar da guerra com a “recusa repetida” do movimento islamita palestiniano em libertar 59 reféns que permanecem em cativeiro desde os atentados de 7 de outubro de 2023. Por sinal, naquela terça-feira estava previsto que Netanyahu comparecesse no tribunal que se encontra a julgá-lo por três casos de corrupção, para fazer o seu depoimento final, o que foi cancelado devido ao início da nova ofensiva de Israel em Gaza. Muito conveniente, dir-se-ia.
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