Em Portugal e no mundo dito ocidental e capitalista convencionou-se que, entre junho e setembro, é preciso ir a banhos e tirar férias. Os anglo-saxónicos deram-se ao trabalho de chamar à época estival a silly season – a estação ridícula ou a temporada pateta -, por ser a altura em que os meios de comunicação têm, em teoria, poucos assuntos relevantes para tratar. Como bem sabemos, é um mito como qualquer outro. As notícias cor de rosa, os fait divers e as “reportagens” sobre ócio e gastronomia passaram a integrar a agenda mediática de janeiro a dezembro, em todo o lado. Tomás Alcoverro, o decano dos correspondentes no Médio Oriente, anda há décadas a pregar que, por norma, enquanto os europeus estão na praia, a descansar e a divertir-se, os povos do antigo Levante têm de lidar com revoluções, conflitos militares, golpes de estado e crises políticas. A história tem dado razão ao jornalista do La Vanguardia, residente em Beirute há mais de meio século. Alguns exemplos: homicídio do rei Abdullhah da Jordânia, em 1951; deposição da monarquia egípcia, em 1952; nacionalização do canal do Suez pelo Presidente Nasser e respetivo bloqueio pelo Governo do Cairo, em 1955; guerra dos Seis Dias, entre Israel e os seus vizinhos árabes, em 1967; conquista do poder na Líbia por Muamar Kadhafi e demais auto-intitulados “oficiais livres”, em 1969; invasão do Líbano pelas tropas israelitas, em 1982; ocupação militar do Kuwait pelo Iraque de Saddam Hussein (vulgo primeira guerra do Golfo), em 1990; batalhas entre Israel e o movimento xiita libanês Hezbollah, em 2003 e 2006. Uma lista que peca por defeito e que, nos próximos dias ou semanas, pode incluir um novo e grave embate bélico tendo como protagonista o estado governado pelo primeiro-ministro Benjamin (Bibi) Netanyahu.
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