A estratégia de Vladimir Putin tornou-se clara nos últimos dias: não recuar perante as sanções e o coro de condenação internacional à sua invasão da Ucrânia e, em simultâneo, intensificar os ataques militares e fazer subir, em todos momentos possíveis, o tom das suas ameaças. Voltou a fazer isso nas últimas horas e de forma ruidosa. Ao aceitar falar ao telefone novamente com o Presidente francês, em vez de o sossegar e de lhe dar algum sinal de apaziguamento, só o conseguiu alarmar ainda mais e, por extensão, o resto do mundo. “Na Ucrânia, o pior está para vir”, lamentou-se Macron depois de desligar o telefone.
Basta olhar para o mapa das movimentações militares na Ucrânia e para o frenesim diplomático no mundo ocidental para se perceber que o pior está, de facto, para vir e que Putin não anda a fazer bluff, como metade do mundo pensava antes dele fazer avançar as suas tropas, na madrugada de 24 de fevereiro.
Apesar dos relatos emotivos da resistência ucraniana, liderada por um heroico e já inesquecível Zelenski, a verdade é, no entanto, mais dura e cruel: em apenas uma semana, o exército russo conseguiu encurralar a Ucrânia. Depois de uma invasão em três frentes, os russos estão prestes a cercar e dominar Odessa, junto à Moldávia, e a conseguir, dessa forma, o controle do sul da Ucrânia, o seu ponto estratégico mais importante, de ligação ao Mar Negro, de onde partem mais de 60% das exportações do país. O cerco completa-se a leste com as forças oriundas da Rússia e das forças separatistas do Donbass, e a norte com a ofensiva iniciada a partir da Bielorrússia. Menos ameaçada, resta apenas a região ocidental do país, que tem Lviv como principal centro urbano, agora transformado em entreposto de fuga para as centenas de milhares de refugiados (maioritariamente mulheres e crianças).
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