Os líderes dos 27 países da União Europeia vão procurar hoje, em Bruxelas, uma solução concertada para fazer frente à crise energética, que tem feito disparar os preços dos combustíveis fósseis para valores que, segundo o presidente do Conselho Europeu, “está a ameaçar a recuperação pós-pandemia e a afetar gravemente os cidadãos e empresas”.
Apesar de estar marcada uma foto de família, ao fim da tarde, para assinalar a despedida da chanceler Angela Merkel destas reuniões, ao fim de 16 anos, o clima não deverá ser o mais cordial, tendo em conta as posições díspares entre muitos dos membros sobre esta matéria. Espera-se, isso sim, uma discussão acesa, com Portugal, por exemplo, a propor a revisão do mecanismo de formação de preços da energia na União Europeia, a Espanha e a França a exigirem apoios diretos da Europa para ajudar os setores mais afetados e a Polónia, noutro campo, a aproveitar a escalada de preços para atacar as metas ambientais da UE, com vista ao cumprimento dos objetivos da emergência climática.
O que parece evidente é que, mesmo que sejam esbatidas as muitas diferenças, dificilmente poderá sair do Conselho alguma medida que consiga travar, com segurança, a escalada de preços. O apelo da Comissão Europeia é para que cada país use os recursos disponíveis para apoiar as famílias e as empresas. Para António Costa, conforme sublinhou ontem no Parlamento, é preciso ir mais longe do que isso e a solução tem de passar pela diversificação das fontes de energia e por formas diferentes de formação de preços que deixem de prejudicar, por exemplo, os países mais avançados nas renováveis, como é o caso de Portugal.