A palavra é mesmo assim, não adormeci em cima do teclado. Hoje é sexta-feira, dia 13 de Agosto, e a conjugação do dia da semana e do dia do mês provoca há séculos arrepios nos mais supersticiosos. A parascavedecatriafobia é o medo extremo da sexta-feira 13, como um sinal de azar e de maldição. E serve de mote para uma leitura de vários fenómenos que estamos a viver.
Começamos pelo azar do clima. Depois das inundações na Europa central, os fogos no Mediterrâneo (nem sequer vamos à Califórnia ou à Austrália). Itália, Grécia e Argélia estão a ser dos países mais fustigados. O fenómeno não é particularmente novo, mas está a ser ampliado por uma massa de ar quente vinda de África, um sistema de alta pressão batizado com um nome eloquente: Lúcifer. Na Sicília, região das mais atingidas por esta vaga de fogos, foi registada a temperatura de mais de 48º, um novo recorde que, infelizmente, pode estar aí para ser quebrado. É um grande azar, só que não é azar. É ciência e dados que nós todos temos, poucos dias depois da divulgação do claro relatório da ONU sobre o clima. Não vale a pena, aqui, falarmos de azar, nem sequer andar a caçar à linha os pirómanos, quando o problema só se resolve com redes de arrasto: como diz o meu camarada Rui Tavares Guedes, neste artigo, os incendiários somos nós. Nos próximos dias, as temperaturas vão subir por cá. Estejamos vigilantes e sejamos bons cidadãos, para não aumentar o risco.