Os Jogos Olímpicos são um microcosmos da vida, duas semanas em que o mundo assiste a um concentrado de alegrias e de desilusões, com milhares de seres humanos, cada um com a sua história e vivências próprias, a exibirem-se e a defrontarem-se sempre no limite do esforço físico e da concentração máxima. São o palco também em que as nações competem entre si. E, por isso, mesmo sem o pedir ou ser sequer necessário, cada atleta acaba por carregar aos ombros o peso de representar um país, um povo, tantas vezes até uma ideia de sociedade ou um alento para recuperar um qualquer orgulho perdido.
Já sabemos como é: mesmo que ninguém lhes preste muita atenção nos quatro anos anteriores, quando chega a hora de entrar em ação, aos atletas é-lhes sempre exigido que, no estádio, no pavilhão ou na piscina, nos representem da melhor forma possível ou, no mínimo, não nos deixem ficar mal.
A maior parte dos atletas que chegam aos Jogos Olímpicos estão habituados a lidar com a pressão. Ela é necessária e fundamental para elevar o espírito competitivo, para estimular a adrenalina que permite a superação que, antes, se pensava impossível de alcançar. Ninguém bate um recorde do mundo a treinar – só em competição, aproveitando a pressão do ambiente e dos adversários, é que isso acontece. O problema, no entanto, é quando a pressão passa a ser para um atleta mais importante do que tudo o resto na sua vida. Quando se sente dominado pelo pânico de falhar, pela ansiedade de não ser capaz de repetir tudo o que andou a treinar durante anos, quando, de facto, deixa de gostar daquilo que faz. Quando o prazer de competir se transformou numa obrigação só para não desiludir os compatriotas ou os fans.