Há dias inesperados e intensos, mas o de ontem, em Israel, terá sido, no mínimo, um dia irrepetível: no curto espaço de uma dúzia de horas, foi eleito um novo Presidente e, numa corrida contra-relógio, uma estranha, vasta e inédita coligação conseguiu ser formada para poder assegurar o apoio a um novo governo e, dessa forma, terminar com a era de Benjamin Netanyahu, que há doze anos se eternizava no poder – os últimos dois marcados por uma interminável crise política, com quatro eleições que nunca tinham conseguido criar um governo estável e com maioria no parlamento.
A verdade é que toda esta sucessão de acontecimentos extraordinários, concluída com a criação de uma coligação de oito organizações com perfis e programas opostos (que vai da esquerda à direita radical, passando pelo partido árabe israelita), tinha apenas um único e declarado objetivo: tirar Bibi Netanyahu do governo o mais depressa possível, sem ter que esperar pela conclusão dos processos judiciais em que ele está a ser julgado, acusado de corrupção.
A determinado momento, o fabrico da “Geringonça israelita” chegou ontem a parecer o dia de fecho de mercado nas grandes ligas europeias de futebol: de hora a hora, iam sendo conhecidas as assinaturas de mais um líder, partido ou organização a aceitar pertencer ou a apoiar o governo de coligação.
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