Ricardo Delgado, fundador do Quinta Columna, um site que se define como “uma rede de reflexão, de pensamento crítico de caráter criativo, notícias da atualidade e difusão de temas de interessa à margem da indiscriminada censura atual”, defendeu, em direto na televisão espanhola, que existe óxido de grafeno na composição das vacinas contra a Covid-19.
Numa entrevista dada ao El Gato al Agua, no início de julho, o bioestatístico referiu que existiria óxido de grafeno na composição das vacinas contra a Covid-19 e que este seria responsável por provocar uma reação magnética nos vacinados, que passavam a ficar com colheres e outros objetos metálicos atraídos ao corpo, como se este fosse um grande íman.
A argumentação é sustentada através de uma alegada análise clínica feita a uma ampola de vacina, à qual o Quinta Columna teria tido acesso através de um membro da polícia. A análise teria sido feita pela Universidade de Almeria, no Sul de Espanha, e os resultados são apresentados num documento mostrado em direto no programa. “Recordo que estamos a falar de uma análise clínica real, feita pela Universidade Pública de Almeria”, ouve-se o apresentador comentar.
Universidade de Almeria declara o estudo falso
No entanto, através da conta oficial de Twtitter, a mesma Universidade já veio assegurar que não produziu nenhum estudo científico que mostre que as vacinas contra a Covid-19 têm óxido de grafeno na sua composição. A entidade avisa ainda que se reserva a possibilidade de dirigir ações civis e penais contra quem continuar a divulgar o conteúdo falso.
“A Universidade de Almeria, como instituição académica, apoia sem qualquer dúvida as vacinas enquanto instrumento científico inquestionável no combate às doenças”, lê-se também.
Grafeno não provoca magnetismo no corpo
O óxido de grafeno é uma forma oxidada do grafeno, o material mais leve e mais forte (300 vezes mais forte que o ferro) que se conhece. Isolado em 2004, por uma dupla de cientistas russos a trabalhar na Universidade de Manchester, este material caracteriza-se pelo facto de os átomos de carbono estarem organizados numa estrutura bidimensional, uma espécie de folha de átomos, e por ser um bom condutor de calor e de corrente elétrica.
Os cientistas já sonham com a possibilidade de criar pele e músculos artificiais ou próteses mais leves, graças às propriedades do grafeno, que, no entanto, não incluem propriedades magnéticas, como assegurou Diego Peña, professor catedrático de Química Orgânica da Universidade de Santiago de Compostela, ao site de verificação de factos espanhol Newtral.
Segundo o especialista, de uma forma geral, o grafeno “não tem propriedades magnéticas semelhantes às de um íman macroscópico ou convencional”. Ao mesmo site, Peña refere ainda que o seu grupo de investigação identificou um estado magnético numa estrutura triangular de grafeno, mas “em ambiente laboratorial, muito específico e num nível molecular”.
Lista de componentes das vacinas não inclui grafeno
Finalmente, consultando a lista de ingredientes que compõem a vacina da Pfizer, Moderna, Janssen e AstraZeneca, é ainda possível verificar que não há registo da presença de grafeno em nenhuma delas.
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Conclusão
FALSO – Nenhuma das vacinas disponíveis na União Europeia contem grafeno, tal como se pode observar nos documentos oficiais onde está descrita a sua composição.
A Universidade Pública de Almeria nunca realizou um estudo que confirmasse a presença de óxido de grafeno nas vacinas, ameaçando, sim, abrir processos penais contra quem continuar a difundir essa informação falsa.
FACT CHECK “VERIFICADO”. Conheça os factos, porque é preciso ter VISÃO.