Rebecca Atkinson confessou ter chorado de alegria quando soube que a Lego apresentou o seu primeiro boneco de cadeira de rodas, sem ser um idoso, na Feira do Brinquedo de Nuremberga, na Alemanha, na semana passada.
A cofundadora do movimento Toy Like Me (Brinquedo como Eu), que no ano passado recolheu mais de 20 mil assinaturas que pediam a inclusão de bonecos com deficiência nos pacotes de figuras da Lego, tinha acusado a empresa dinamarquesa de «excluir 150 milhões de crianças com deficiência a nível mundial ao não representá-las nos seus produtos».
A Lego terá sido sensível aos seus argumentos e apresentou um rapaz de cadeira de rodas, de gorro na cabeça e estilo desportivo, acompanhado pelo seu cão, na coleção Diversão no Parque, exposta na feira alemã. O boneco deverá chegar ao mercado em junho, mas Rebecca Atkinson não esperou para escrever um artigo de opinião no jornal britânico The Guardian no qual refere o grande impacto de um brinquedo tão pequeno.
Atkins vê na democratização dos brinquedos um passo importante: «Intencionalmente ou não, [a Lego] enviou uma mensagem poderosa de inclusão», escreveu.
«Os brinquedos, a TV, os filmes, os jogos, as apps e os livros que entretém e educam as nossas crianças raramente incluem crianças com qualquer tipo de incapacidade ou diferença. As suas vidas não são refletidas. São invisíveis», afirma a jornalista freelancer, antes de questionar: «Como é que se conquista autoestima se a cultura à nossa volta parece não dar valor à nossa existência?».
A também consultora para a inclusão da deficiência na indústria de brinquedos aconselha a incluir a deficiência em representações positivas, como fazendo parte da diversidade humana, e não como algo negativo, associado a hospitais ou a vilões, como o Capitão Gancho…
Também na semana passada a Mattel, fabricante de boneca Barbie, anunciou o lançamento de três novos modelos de corpo da boneca, um mais alto, outro mais baixo e ainda um de traços curvilíneos. Haverá também sete novos tons de pele e variados cortes de cabelo e cores de olhos. Tudo em nome da diversidade.