Alguns hospitais portugueses estão a receber grávidas e crianças com fome que, por vezes, acabam por ser internados para suprir as suas necessidades alimentares. A realização de alguns exames médicos, como o CTG (que mede a frequência cardíaca do feto e as conteacções), é posta em causa pela falta de alimentação, já que se a mãe não estiver alimentada o feto não está reativo.
O Ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou, esta semana, que está em curso uma “uma revisão da legislação para que todos os casos de caráter social possam ser tratados na sua esfera própria, que é a social”. O problema é que muitas instituições sociais estão no limite das suas capacidades e não conseguem dar resposta a todos os pedidos de ajuda.
O diretor do serviço de ginecologia e obstetrícia do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, admite que algumas grávidas chegam a ficar internadas “um ou dois dias apenas porque tinham de se alimentar”. Enquanto o Hospital Amadora-Sintra admite protelar a alta de algumas crianças por saber que as famílias não têm condições para tomar conta delas.
No ano passado, a unidade de pediatria do hospital encaminhou 687 crianças para serviços sociais. Quatrocentos casos estavam relacionados com carências económicas.