Chama-se Adoeci e pretende pôr as pessoas diagnosticadas com a mesma doença a trocarem experiências e a partilharem inquietações e soluções.
Esta plataforma online foi criada por Rita Vilaça, 25 anos, licenciada em Engenharia Biomédica (Instituto Politécnico de Bragança) e com um mestrado em Bioinformática (Universidade do Minho). Em breve, também pretende concluir um mestrado em Informática Médica (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto).
O site é uma oportunidade para pôr em prática o que aprendeu, mas também para promover a interação entre os doentes, de forma inteiramente gratuita.
Os utilizadores podem registar-se para participarem nos fóruns de discussão (divididos por grupos, consoante o diagnóstico), ou inscreverem os seus dados médicos para receberem, por exemplo, lembretes das consultas por email.
No blogue associado à plataforma, Rita Vilaça publica artigos científicos sobre saúde, que estão acessíveis a todos os visitantes da página.
Com pouco mais de três meses de vida, o Adoeciconta como cerca de 260 utilizadores e estabeleceu parcerias com três instituições sociais (Associação Portuguesa de Reabilitação de Insuficientes Renais, Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil e Associação Portuguesa de Doentes da Próstata).
Os familiares dos doentes também fazem parte do público-alvo da plataforma já que, como Rita Vilaça afirmou à VISÃO Solidária, partilhar é o melhor remédio.
Quando é que surgiu a ideia de criar o Adoeci?
A ideia de criar o Adoeci surgiu em conversa com um empresário que conheci no mestrado de bioinformática. Acabei por ir trabalhar para a empresa dele na área do desenvolvimento de aplicações móveis para a saúde e fitness. Como é política da empresa que os trabalhadores usem 20% do tempo disponível para trabalharem em projetos próprios, tendo nesse tempo ao dispor recursos da empresa, decidi trabalhar neste projeto por ter um enorme significado na vida das pessoas. Prova disso é o facto de ultimamente ter recebido imensos emails a agradecer a criação deste espaço online. O que me leva a agarrar ainda mais este projeto.
A plataforma internacional Patient Innovation (que também estimula a partilha de soluções entre doentes) foi uma fonte de inspiração?
Na verdade, não funcionou como fonte de inspiração dado que na altura em que o Adoeci foi pensado a plataforma Patient Innovation ainda não estava online. No entanto, é ótimo que surjam projetos neste âmbito. Partilhar soluções ou tratamentos poderá ajudar muitas pessoas. A ideia da plataforma Adoeci.com é mais criar uma interação paciente-paciente ou familiar de paciente sendo direcionada para todos aqueles que tenham sido diagnosticados por uma patologia e queiram partilhar a sua experiência.
Qual é o principal objetivo do Adoeci?
“Partilhar é o melhor remédio” é um adágio popular que se encaixa de forma perfeita na saúde. Assim, a plataforma Adoeci tem como principal objetivo promover a união de pessoas que tenham sido diagnosticadas por uma mesma patologia, através da partilha de experiências de doentes e familiares que sintam necessidade de apoio e de partilhar o que estão a viver.
Até que ponto é importante as pessoas partilharem experiências?
O facto de as pessoas falarem com outras pessoas que tenham passado por situações muito semelhantes, principalmente para condições menos compreendidas, penso que poderá proporcionar uma maior entreajuda entre as pessoas e consequentemente um melhor bem-estar emocional. Além de que, para os familiares, poderá ajudar a prever e preparar a evolução de uma determinada condição, ou seja, ajudar a lidar com a patologia.