Quando ouviu a notícia não chorou. Marta Leão só se lembra de ter ficado em choque, depois de ouvir a voz da mãe anunciar-lhe, pelo telefone, que tinha cancro da mama. “Mais do que triste, fiquei incrédula. Tinha de haver alguma coisa errada naquele exame”, recorda.
Marta estava atenta aos sinais, até porque a mãe já tinha passado por um cancro da mama, que implicou uma mastectomia bilateral. No verão de 2012, num gesto tão simples como retirar um cabelo caído no peito, sentiu uma pequena ervilha debaixo da pele. E decidiu ir fazer exames.
A probabilidade de ter cancro da mama aos 20 anos é de um em 19 mil, aos 30 de um em 2525 e aos 60 chega aos 12%. As probabilidades estavam a favor de Marta mas, mesmo assim, o diagnóstico confirmou-se.
“Não podemos ignorar os sinais por termos medo do resultado. Quanto mais cedo um cancro for detetado, melhor”, relembra. As primeiras duas horas, depois de saber o diagnóstico, foram as mais complicadas. “Eu não queria morrer aos 27 anos”, diz à VISÃO Solidária, com uma candura inesperada.
Depois, procurou “racionalizar”, “ouvir os médicos” e “encarar o desafio sem dramas”. A possibilidade de fazer quimioterapia assustava-a, temia que comprometesse a maternidade, mas o diagnóstico revelou um cancro com forte componente hormonal (carcinoma ductal invasor, grau 2), tratável através de medicamentos hormonais, que continuará a tomar durante cinco anos.
Contudo, optou pela mastectomia preventiva do lado esquerdo. “Achei que era a opção que me deixaria dormir mais descansada”, confessa. Uma semana depois da operação, já estava de regresso ao trabalho.
Prevenir é viver
Um ano depois de ter conhecido o diagnóstico, a 30 de janeiro deste ano, Marta resolveu criar o blogue Raising Awareness para partilhar a sua experiência e mostrar que “um cancro não tem de ser o fim do mundo”.
A gestora de marketing, nascida no Porto, mas a trabalhar em Lisboa, não quer gerar pânico, mas alertar para “a importância do diagnóstico precoce para um final feliz”.
“A minha intenção não é escrever frases inspiradoras, mas passar a mensagem”, afirma, despretensiosa.
Uma amiga, Inês Barros, arquiteta de profissão, teve a ideia de criar pequenas medalhas de prata, com a inscrição Raising Awareness, que ajudassem a passar a mensagem da prevenção. Os colares custam entre €18 e €20 euros, €5 euros (o valor do lucro) reverte, integralmente, para a Associação Laço, que presta apoio a pacientes com cancro e oferece uma bolsa de investigação na área do cancro da mama, anualmente.
Aos 28 anos, Marta Leão tem, praticamente, a mesma probabilidade de vir a desenvolver um cancro da mama que qualquer outra pessoa. E, melhor do que ninguém, sabe que a vigilância não pode ficar para depois.
Marta Leão resolveu criar um blogue e uma campanha associada à Associação Laço