‘Escrever é difícil/Viver uma arte/Cada dia que passa/Algo aqui dentro se parte” ouve-se no refrão do rap Belavista Clip, um dos trabalhos finais do projeto Reinserção pela Arte que, no próximo dia 11, será apresentado em forma de livro. Arte e Delinquência, coordenado por Jorge Barreto Xavier, 46 anos, parte da premissa de que “a delinquência juvenil não é uma fatalidade”, baseado numa iniciativa da delegação da Fundação Calouste Gulbenkian, de Londres, onde existem unidades de apoio para não deixar “nenhuma criança /jovem para trás”.
Por cá, Barreto Xavier convidou o encenador Fernando Mora Ramos e os coreógrafos Madalena Vitorino e Rui Horta para delinearem um plano de ação, o qual incluía escolher mais artistas aptos a trabalharem com um perfil difícil de educandos.
Participaram cerca de 30 rapazes, com idades entre 14 e 17 anos, selecionados em três centros educativos, um deles em regime fechado. Estes jovens, oriundos de famílias desestruturadas e com dificuldades financeiras graves, têm, no cadastro, homicídios, roubos, violações e ofensas corporais. Mas a maioria demonstrou apetências criativas óbvias.
“Foi libertador expressarem-se por via da música, do teatro/dança, da fotografia, do cinema/vídeo, da escrita. Verdadeiros momentos de realização”, explica Barreto Xavier. Sendo o livro “um microcosmo da sociedade no seu todo”, como o define o coordenador do projeto, que custou cerca de 300 mil euros, procuraram-se respostas para reinserir estes rapazes na sua família, na sua comunidade.
Isto é: Arte e Delinquência quer ser um instrumento útil para serviços de reinserção social do Ministério da Justiça, centros comunitários, bairros sociais, prisões e agentes culturais. Porque a arte pode dar a volta à exclusão.
O Dado
324 Páginas do livro Arte e Delinquência (€15,75), editado pela Fundação Calouste Gulbenkian.