Depois de ter passado pelo Parque do Perdão, em Belém, onde o Papa Francisco foi o confessor de três jovens, Samuel, um italiano de 19 anos, Francisco, espanhol, de 21 anos, e Yesvi, com 33 anos, da Guatemala, seguiu para visitar o Bairro da Serafina, encontrando-se com representantes de centros de assistência sociocaritativa, no Centro Social Paroquial de São Vicente de Paulo.
Com alguma dificuldade visual em seguir o discurso no papel, o Papa Francisco falou com improviso, mas sempre com o foco no outro, em sermos capazes de nos colocarmos nos sapatos das outras pessoas: “Apenas gostaria de dizer algo que não está aqui escrito, mas está no espírito. O concreto. Não existe amor abstrato, só amor concreto. O amor platónico está em órbita, não na realidade. O amor concreto, é aquele que suja as mãos. E podes perguntar-nos: e o amor que eu sinto por todos? É concreto ou abstrato? Quando dou a mão a um necessitado, a um doente, a um marginal, eu depois posso dar a mão a outras pessoas e, sem medo de contágio, tenho nojo da pobreza? Estou sempre a procurar uma vida limpa, destilada, essa que existe na minha fantasia, mas que não é real? Quantas vidas destiladas e inúteis que vivem sem deixar marca porque a vida destilada não tem peso?”
Daqui em diante, depois de serem falados e vistos em todo o mundo, os moradores da Serafina têm medo de cair novamente no esquecimento, continuando a viver na miséria.