Dedicou uma vida inteira ao trabalho com os jovens, no Hospital de Santa Maria. Hoje, aos 78 anos, está jubilado, mas mantém-se ativo, nas escolas, nas consultas e nos livros. Pioneiro da terapia familiar no País, Daniel Sampaio tem, claro, muito a dizer acerca dos temas abordados pela série Adolescência.
O êxito da série da Netflix está a chamar a atenção para a adolescência. Vê isto como positivo?
Claro, até o primeiro-ministro britânico já disse que achava importante ter políticas relacionadas com a adolescência. Para quem, como eu, possui uma perspetiva histórica, o que é interessante é que, nos anos 80 e 90 e mesmo no início do século XXI, avaliávamos os adolescentes pelo seu corpo e pelo seu psiquismo, na família e na escola. Era este o nosso paradigma, era assim que falávamos da adolescência. Mas, neste momento, há uma nova adolescência, que é a adolescência da internet. O que atualmente caracteriza a adolescência é o facto de os jovens viverem num submundo virtual. A identidade adolescente é jogada no seio da família, da escola e dos amigos, mas também no seio do mundo virtual. Porque há uma identidade que tem que ver com o que se publica na internet, com as imagens do Instagram, as mensagens que se recebem acerca do corpo…