Popularizada há já alguns anos, a expressão “nepo baby” – uma abreviação de “nepotism baby” – é muito utilizada, sobretudo no universo Hollywood, para designar os filhos de celebridades que alcançaram a fama e o sucesso graças ao estatuto dos pais ou familiares. Entre os exemplos mais notáveis estão Zoë Kravitz (filha do cantor Lenny Kravitz e da atriz Lisa Bonet), Lily Collins (filha do cantor Phil Collins) ou Brooklyn Beckham (filho do futebolista David Beckham e da spice-girl Victoria Beckham). Alguns casos são até mais conhecidos pelo público do que outros. Por exemplo, Jane Fonda (filha do ator Henry Fonda) e Emma Roberts (sobrinha de Julia Roberts) são também consideradas “nepo babies”.
Mas se crescer numa família mundialmente famosa representa muitas vantagens para uns, para outros é um fardo do qual tentam afastar-se a vida toda. Criado pelo jornal britânico The Guardian o termo “nope baby”, refere-se aos filhos de celebridades que têm rejeitado – muitas vezes publicamente – o legado familiar e pretendem traçar o seu próprio caminho sem associações ao nome de família – daí o termo “nope” (não).
Conhece algum “Nope Baby”?
O maior exemplo de um “nope baby” é Vivian Jenna Wilson, filha transgénero do dono da Tesla e da Space X, Elon Musk. Wilson – que quando nasceu foi registada com o nome de ‘Xavier’ – deu entrada com pedido formal para mudar de género com 16 anos. Uma decisão – na altura assinada legalmente pelo pai – que resultou na deterioração das relações entre ambos e levou a jovem a entregar um pedido para mudar o seu nome alegando que não queria ter “qualquer tipo de parentesco” com o pai biológico.
Em entrevista ao jornal norte-americano The Daily Wire, Musk chegou mesmo a dizer que foi enganado a assinar os documentos legais e a mencionar que o seu filho estava “morto, assassinado pelo vírus da mentalidade woke“. Já através de uma publicação na rede social X – da qual Musk é dono – o pai de Wilson escreveu que a filha “nasceu gay e ligeiramente autista, dois atributos que contribuem para a disforia de género”. Afirmações que levaram a jovem a criticar publicamente o pai: “Não sabe como eu era quando criança porque ele simplesmente não estava lá.”
Mas se Wilson se tinha mantido afastada da vida pública até então, após as declarações anti-transgénero do pai, a jovem começou a partilhar a sua história nas redes sociais – sobretudo no TikTok – criticando dura e publicamente as posições de Elon Musk – sobretudo o seu apoio ao candidato republicano Donald Trump às eleições norte-americanas de 5 novembro.
Outro caso bem conhecido do público de “nope babies” envolve os filhos do casal Angelina Jolie e Brad Pitt. Após o divórcio, em 2016, e as sucessivas acusações de violência doméstica contra o ator, três dos seis filhos do casal – Shiloh, Vivienne e Zahara – abandonaram o apelido “Pitt” substituindo-o pelo da mãe, “Jolie”.
Não se encontram “nope babies” apenas no universo Hollywood. No mundo da política, surge o caso de Claudia Conway, filha da antiga conselheira de Donald Trump, Kellyanne Conway. Através de uma série de publicações nas redes sociais TikTok e X, a jovem de 16 anos denunciou alegados abusos verbais e físicos e criticou publicamente as políticas da mãe sob a administração Trump. Posts que se tornaram virais e lhe valeram uma plataforma dentro do Partido Democrata com discursos na convenção nacional do partido em agosto deste ano. Já no mundo dos negócios e da tecnologia, destaca-se Lisa Brennan-Jobs e seu livro de memórias, publicado em 2018, onde se refere ao pai Steve Jobs, magnata da tecnologia, como “desdenhoso”.
Nem a família real britânica escapa ao novo termo. Anos depois de abdicar das funções enquanto duque de Sussex, o Príncipe Harry – filho da Princesa Diana e do Rei Carlos III – é também considerado um ‘nope baby’. A famosa entrevista que deu, ao lado da mulher Meghan Markle, a Oprah em 2021, valeu ao príncipe Harry – por muito tempo considerado um “nepo baby” – o novo estatuto. Na entrevista, complementada pelo lançamento de um livro de memórias e uma série na Netflix, o britânico falou contra a instituição monárquica e alguns dos seus familiares, distanciando-se do legado familiar.
Por fim – e já não baseada numa relação problemática com a família – está o ator norte-americano Nicolas Cage – cujo nome original é Nicolas Coppola, apelido de uma das famílias mais emblemáticas do cinema mundial. Cage é sobrinho do diretor Francis Ford Coppola e primo direito da cineasta Sofia Coppola, tendo escolhido afastar-se da fama familiar e começar uma carreira do zero.