A obra emblemática do mandato de Carlos Moedas para acabar com as cheias em Lisboa já terá quase um quilómetro de extensão mas, à medida que a máquina tuneladora avança em direção às profundezas da cidade, aumentam os receios e a inquietação dos trabalhadores que estão a construir o primeiro dos dois túneis subterrâneos de drenagem da capital, entre Monsanto e Santa Apolónia.
Numa empreitada desta dimensão, adjudicada pela Câmara de Lisboa (CML) a um consórcio de duas grandes construtoras – a portuguesa Mota-Engil e a francesa Spie Batignolles –, com experiência em trabalhos subterrâneos no mundo inteiro, o planeamento em matéria de segurança no trabalho deveria ter sido feito com todo o cuidado. Mas esse não é o sentimento de quem passa metade do seu dia debaixo de terra. Faltam máscaras de respiração para fuga em caso de incêndio, a câmara de refúgio ainda não estará totalmente operacional, os simulacros de acidente no subsolo tardam a ser realizados e os turnos de trabalho estendem-se até 12 horas.