Três mulheres morrem na sequência de um ataque com o que, inicialmente, se pensava ser um cocktail Molotov em Buenos Aires, na Argentina. O ataque ocorreu na madrugada do dia 6 de maio, segunda-feira. Um homem, de 62 anos, atirou um explosivo para o quarto onde viviam dois casais de mulheres, numa pensão para pessoas com problemas económicos e sociais.
Pamela Cobbas, a primeira vítima, de 52 anos, morreu horas depois do ataque. Já a sua companheira, Mercedes Roxana Figueroa, morreu na passada quinta-feira, dia 9 de maio. A terceira mulher morreu ontem, Andrea Amarante, de 42 anos, após uma semana a lutar pela vida no hospital. A única sobrevivente do ataque, Sofía Castro Riglos, de 49 anos, continua hospitalizada, mas “está a recuperar e tem um bom prognóstico”, segundo María Rachid, representante da Federação Argentina LGBT+, à agência de notícias francesa AFP.
As fontes policiais envolvidas no caso confirmaram ao jornal Buenos Aires Herald que não terão sido encontrados quaisquer resíduos de vidro na casa das mulheres que indiquem que o agressor terá utilizado um cocktail Molotov, como tinha sido primeiramente noticiado. No mesmo sentido, os bombeiros encontraram vários panos queimados, embebidos em líquido inflamável.
Residentes da pensão, que testemunharam o ataque, contaram à imprensa local que o suspeito terá empurrado as mulheres para dentro do quarto em chamas, enquanto estas tentavam escapar. A polícia está a investigar o crime enquanto um homicídio e crime de ódio, por se tratar de um ataque direcionado às quatro mulheres lésbicas.
O agressor está atualmente detido e internado, após se autolesionar, depois do ataque.
O ataque está a chocar a Argentina e as comunidades LGBTQ+. Algumas organizações de direitos humanos e ativistas da comunidade LGBTQIA+ estão a acusar o governo de Javier Milei de promover um discurso de ódio no país. Desde que assumiu a presidência da Argentina, em dezembro de 2023, as políticas de Milei já levaram ao fecho do Ministério das Mulheres, Instituto Nacional contra a Discriminação e à proibição de linguagem inclusiva por parte da administração pública.
Na sexta-feira, dia 10 de maio, foi realizada uma manifestação perto do Congresso argentino para pedir justiça pelo ataque. Dois dias antes, foi organizada uma vigília improvisada à frente da pensão onde decorreu o ataque, em honra das vítimas.
O episódio já foi classificado pelo Ministério da Mulher da Província de Buenos Aires e pela Federação Argentina LGBT+ como um crime de ódio .