Os portugueses preferem cada vez mais os pagamentos eletrónicos como método de adquirir bens e serviços no comércio a retalho. As transferências imediatas foram o instrumento que mais cresceu neste domínio, segundo o Relatório dos Sistemas de Pagamentos de 2023, agora divulgado pelo Banco de Portugal.
Tendo em conta esta tendência e com o objetivo de reduzir a probabilidade fraude nas várias soluções de pagamento eletrónico – que “permaneceram muito reduzidos” no ano passado, de acordo com o regulador -, estão em curso algumas alterações no sistema de transferências realizadas através de plataformas digitais e também nos débitos directos.
Incluída na Estratégia Nacional para os Pagamentos de Retalho 2025, no próximo dia 20 de maio entra já em vigor uma medida que visa aumentar a segurança das transferências online, além de evitar erros desnecessários na hora de introduzir o NIB do destinatário. Tal como acontece nas transferências efetuadas nas caixas multibanco, a partir desse dia passará a estar visível, também nas transferências via homebanking ou aplicação bancária, seja no telemóvel ou no computador, o nome do beneficiário. Desta forma será possível confirmar o destinatário da transferência, seja ela normal ou imediata, independentemente de ser um particular ou uma empresa.
Ao mesmo tempo, esta informação passará a constar, igualmente, nas operações de débito direto, de modo ao credor poder atestar que o devedor é o titular da conta em causa.
Um mês mais tarde, a partir de 24 de junho, haverá outra alteração relevante nas transferências bancárias. É que, à imagem do que já sucede com o sistema de pagamento MBWay, passará a estar disponível, em todos os canais disponibilizados pelos bancos, nomeadamente nos balcões, no homebanking e nas “apps”, a opção de transferir dinheiro entre contas nacionais através de números de telemóvel, para os clientes que aderirem ao serviço. Esta medida vai ser introduzida progressivamente e estima-se que até setembro já esteja funcional na generalidade das instituições bancárias.
Segundo o relatório do Banco de Portugal, os pagamentos de retalho aumentaram 13,3%, em relação a 2022, para 4,2 mil milhões de operações, enquanto o valor total movimentado cresceu 12,9%, para 740 mil milhões de euros. As transações realizadas dentro do sistema de pagamentos de retalho gerido pelo Banco de Portugal (SICOI) subiram em todas as soluções – transferências imediatas, transferências a crédito, operações com cartões e débitos diretos -, ao passo que o recurso a cheques continua em queda. Dentro dos pagamentos com cartões, a tecnologia contactless foi, pela primeira vez, utilizada na maioria das operações (53,3%).