A Polícia Judiciária (PJ) anunciou, esta quarta-feira, que participou numa operação que permitiu desmantelar uma rede criminosa internacional, que atuava, há mais de oito anos, na Europa – incluindo Portugal. O grupo dedicava-se ao tráfico internacional de droga, proveniente da América do Sul, e também ao branqueamento de capitais. Coordenada pela Europol, a “Operação Montana” (assim foi designada) realizou-se em Portugal e Espanha, entre 6 e 7 de março, mas apenas agora foi divulgada. A ação resultou na detenção de 20 suspeitos.
Segundo a PJ, esta rede criminosa era investigada desde 2021 e “usava identidades roubadas de cidadãos colombianos, portugueses, espanhóis e venezuelanos” e é “suspeita da ‘lavagem’ de mais de 10 milhões de euros”.
“[A rede criminosa] estava a ser investigada há alguns anos pelas autoridades espanholas, com a indicação de que cidadãos portugueses participavam ativamente no branqueamento de capitais oriundos de Espanha, através do transporte físico de importantes quantias de dinheiro e posterior depósito em diversas contas bancárias nacionais, tituladas por portugueses com ligações à diáspora portuguesa na América Latina”, lê-se no comunicado da PJ.
Português detido em Aveiro
No âmbito da “Operação Montana”, a PJ deteve um português, suspeito de ser o responsável pelo transporte físico de dinheiro de Espanha para Portugal. “Este cidadão português recebia indicações de cabecilhas da rede criminosa para a recolha do dinheiro em Espanha. Depois, transportava-o no seu veículo, de forma oculta, para o nosso país e depositava-o em bancos portugueses, em contas tituladas por outros suspeitos, pertencentes à diáspora portuguesa na América Latina, sobretudo Venezuela, que as cediam para fazer passar dinheiro oriundo do tráfico de estupefacientes”, explica o comunicado da PJ.
A PJ apurou ainda que o principal suspeito português não residia na sua morada fiscal (em Ílhavo), mas sim com a sua família numa moradia luxuosa na região de Aveiro, propriedade de uma empresa em nome da sua esposa, que foi alvo de buscas e onde se apreendeu prova importante para a investigação. No decurso das buscas, “foram apreendidos mais de 40 mil euros em dinheiro, máquinas de contar dinheiro, joias e barras em ouro, documentos bancários, uma arma de fogo e ainda apontamentos escritos que ligam o detido ao branqueamento de dinheiro”.
O homem já foi presente a tribunal, que lhe decretou a medida de coação de prisão preventiva. Aguarda, agora, extradição para Espanha.