O ex-secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, é um dos suspeitos de um processo que, esta terça-feira, levou a Polícia Judiciária a realizar buscas ao Instituto Português do Desporto e da Juventude, Cruz Vermelha Portuguesa, Centro Hospitalar Tondela-Viseu e Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge. Segundo informações recolhidas pela VISÃO, há suspeitas de favorecimento a uma empresa de um ex-sócio de João Paulo Rebelo para, durante a pandemia da Covid-19, a realização de testes.
Esta terça-feira, além das buscas às entidades públicas, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal, em comunicado, adiantou que também foram efetuadas nove buscas domiciliárias. Entre estas, apurou a VISÃO, esteve a casa de João Paulo Rebelo que, refira-se, não foi constituído arguido no processo.
De acordo com o comunicado do DCIAP, a investigação diz respeito à “celebração de um contrato público, por ajuste direto, ao abrigo do “Projeto PRID – Programa de Reabilitação de Infraestruturas Desportivas”, para aquisição de serviços de engenharia, com pessoa sem habilitação legal para a prática de atos decorrentes daquela profissão, e, noutra parte, em suspeitas de favorecimento de contratação pública respeitante a análises de testes do vírus SARS-COV-2″.
Ao que a VISÃO apurou, está em causa a contratação do laboratório ALS para a realização de testes Covid na zona centro, para a qual João Paulo Rebelo foi designado pelo governo como coordenador intermunicipal para a Covid-19.
Em maio de 2020, depois de uma denúncia pública, João Paulo Rebelo admitiu ter sugerido o nome da empresa durante uma reunião com autarcas da região, pela “importância da capacidade” que a mesma detinha, negando qualquer “interesse económico no caso”.
“Foi nesta sequência que, nas diversas reuniões/videoconferências que fiz com as diferentes Comunidades Intermunicipais da Região, divulgando o protocolo, elenquei sempre as diversas entidades (públicas e privadas) que nos respetivos territórios teriam capacidade protocolada de resposta para a realização dos testes”, referiu ao jornal Observador.
Cero é que o DCIAP, no comunicado desta terça-feira, afirma estarem em causa os crimes de participação económica em negócio e abuso de poderes.
Em 2023, refira-se, João Paulo Rebelo, já na qualidade de deputado do PS, foi um dos parlamentares que inquiriu o juiz Carlos Alexandre, que se candidatou ao cargo de procurador europeu.