Um novo estudo, realizado por investigadores da Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, e parte do projeto Dresden Study of Parenting, Work, and Mental Health (DREAM), atualmente em andamento, concluiu que, para os pais de primeira viagem, são necessários cerca de dois anos para que se sintam novamente felizes nas suas relações amorosas.
Por outro lado, a mesma equipa deu conta de que, para os casais que têm o segundo filho, esse tempo diminui para cerca de dois meses.
Os investigadores focaram-se apenas no ponto de vista do pai e pretendiam comparar as diferenças entre os pais de primeira viagem e os outros. A equipa, que afirma que as investigações existentes se concentram maioritariamente na ligação entre as mães de primeira viagem e a sua satisfação nas relações amorosas, quis acompanhar a tendência crescente de realizar estudos tendo em conta o papel e sentimentos do homem na parentalidade.
Os autores do estudo explicam que, “tal como acontece às mães de primeira viagem, os homens que são pais pela primeira vez experienciam um declínio mais forte na satisfação que sentem na sua relação durante a transição para a paternidade relativamente aos pais pela segunda vez”, acrescentando que é importante que o casal se prepare com antecedência para as mudanças que vão ocorrer na relação.
Para chegar a estas conclusões, a equipa analisou dados de mais de 600 inquéritos realizados maioritariamente a pais alemães, 500 de primeira viagem e pouco mais de 100 que tinham sido pais pela segunda vez, recolhidos entre 2017 e 2020.
Os pais tinham respondido a questões relativamente à sua satisfação com a relação dois meses antes e dois meses depois do nascimento do bebé e voltaram a fazê-lo 14 meses e dois anos depois do nascimento.
Neste estudo, publicado na revista científica PLOS One, a equipa teve em conta fatores importantes como a idade e a escolaridade dos pais, a duração do relacionamento, o estado civil e o sexo e temperamento da criança, por exemplo.
Os resultados da análise sugerem que, no geral, o nascimento de um filho, seja o primeiro ou o segundo, está ligado a um declínio na satisfação dos pais com a sua relação amorosa, com diferenças relevantes no tempo que passou até que os pais voltassem a sentir-se satisfeitos com as suas relações ou, pelo menos, voltassem a sentir o nível de satisfação que sentiam antes do nascimento da criança.
Os investigadores esclarecem que, para os pais de primeira viagem, a satisfação com o relacionamento continuou a diminuir dois meses após o nascimento. Pelo contrário, os homens que tinham sido pais pela segunda vez sentiram-se mais felizes com as suas relações amorosas após a marca dos dois meses, e este sentimento continuou a crescer até ao final do período de estudo.
A equipa descobriu ainda que, depois de 14 meses estudo, para os pais de primeira viagem, a satisfação com as suas relações não diminuiu nem aumentou e isso aconteceu até ao fim de 24 meses.
Uma outra conclusão curiosa da equipa foi que os pais de primeira viagem apresentavam, geralmente, um nível mais alto de satisfação com o relacionamento antes do nascimento do filho, comparativamente aos pais pela segunda vez. Contudo, após o nascimento de um segundo filho, a satisfação com a relação recupera mais rapidamente.
Além disso, tendo em conta os diferentes fatores individuais incluídos na análise, a equipa percebeu que os homens em relacionamentos mais longos tendiam a relatar inicialmente menor satisfação nas suas relações.
Os investigadores acreditam que a insatisfação com as relações depois do nascimento de um bebé “pode ser recuperada com o tempo”, sendo que a chave pode ser “a preparação e a antecipação”, que são fundamentais.