A pandemia e as pressões sociais a que têm sido sujeitos deixaram as suas marcas: 65% dos zoomers (nascidos entre 1997 e 2012) reconhece ter lutado com um problema de saúde mental – em comparação com 51% dos millenials e 14% dos boomers. Os últimos dois anos foram particularmente desafiantes, com 42% dos inquiridos a admitirem ter sofrido de ansiedade, 39% de depressão, 17% de perturbação de stress pós-traumático e 12% de perturbação obsessivo-compulsiva. Daí a preocupação obsessiva com o bem-estar físico e mental demonstrada por este grupo demográfico.
Durante dois anos, a consultora Oliver Wyman procurou conhecer a fundo a Geração Z, realizando entrevistas e questionários online a 10.000 pessoas (focados na coorte entre os 18 e os 25 anos) nos Estados Unidos e no Reino Unido. O relatório Generation Z: Shaping the Future of Consumer Trends, lançado este mês, traça um retrato profundo daquela que é considerada a geração mais racial e etnicamente diversificada, mais educada, mais experiente digitalmente, mais global e mais inconformista. Os dados demonstram que têm 1,9% mais probabilidades de sofrer de doenças mentais do que as outras gerações. Mas quase 50% procurou tratamento, cerca do dobro do verificado em outras idades. Mostraram ainda uma disponibilidade para falar abertamente sobre o tema – como aconteceu com figuras públicas como Selena Gomez e Simone Biles –, promovendo a sua desestigmatização.
O relatório releva uma atitude pró-ativa da Geração Z em relação à saúde e uma vontade de explorar uma variedade de soluções, tanto convencionais, como alternativas (40% afirma já as ter experimentado). Buscam informações nas redes sociais, usam dispositivos portáteis e outras tecnologias de monitorização e procuram experiências personalizadas. Dados a que os prestadores de cuidados de saúde devem estar atentos, defende a Oliver Wyman.
Rebeldes com causas
Os zoomers representam 25% da população mundial e, em 2031, constituirão 31% dos trabalhadores. Estes nativos digitais estão a transformar os hábitos financeiros e de consumo. As preocupações com as alterações climáticas e as injustiças sociais – ativismo muitas vezes exercitado através das redes sociais –, levam-nos a exigir mais das empresas. Segundo o estudo da Wyman, “a Geração Z quer líderes capazes de a entender – e marcas que celebram as suas diferenças e apoiem a sua luta contra as normas de género, padrões de beleza e discriminação”. Enquanto consumidores, “não hesitarão em punir marcas por ativismo performativo, lavagem da imagem ou publicidade enganosa”. 91% está disposta a pagar mais por marcas que suportam as suas causas.
Mais do que outras gerações, acreditam no poder do indivíduo de fazer a diferença. Comprometidos com o ambiente, o estudo mostra que 75% dos inquiridos estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços sustentáveis, enquanto 88% acreditam que as empresas podem ajudar a resolver problemas sociais e ambientais. Além do mais, 82% considera que estas devem refletir a diversidade do mundo real nas suas campanhas de publicidade e marketing. Os zoomers querem identificar-se e receber atenção personalizada das marcas, a quem pedem para ser autênticas, confiáveis e transparentes.
Ainda assim, o relatório da Oliver Wyman revela alguns paradoxos sobre os inquiridos: 40% afirma que a moda sustentável é muito cara; e, na compra de roupa, 69% dá prioridade aos preços e ao conforto. Apesar de estarem mais alertas para as alterações climáticas, nem sempre as suas ações acompanham as suas crenças, o que também está relacionado com a sua menor estabilidade financeira. No entanto, defende o estudo, “à medida que cresce e supera as suas restrições financeiras, a Geração Z está numa posição única para causar um impacto significativo no mundo”. As empresas que não entenderem as mudanças em curso, arriscam-se a ser deixadas de lado por esta geração.