O satélite Aeolus, que tem o tamanho de um pequeno carro, 1,3 toneladas e orbitou a uma altitude de cerca de 320 quilómetros em torno do nosso planeta durante quase cinco anos, vai, durante as próximas semanas, reentrar na atmosfera terrestre de maneira assistida pela Agência Espacial Europeia (ESA), o que será a primeira manobra deste género.
A agência explicou que o satélite não foi, inicialmente, idealizado para reentrar na atmosfera terrestre de maneira assistida, sendo que, em condições normais, reentraria nos próximos meses de forma natural.
Contudo, devido ao aceleramento da sua descida – o objeto foi desligado apenas na semana passada, o seu combustível está mesmo a escassear e tem caído em direção à atmosfera terrestre cerca de um quilómetro por dia – a ESA decidiu intervir no processo, com o objetivo de minimizar o problema dos detritos espaciais e de possíveis reentradas descontroladas.
A agência garante que, ocorrendo algum problema com a tentativa de reentrada assistida, nesse caso, o satélite irá continuar a viagem de forma natural. “Esta tentativa de reentrada assistida vai além dos regulamentos de segurança para a missão, que foi planeada e projetada no final dos anos 90″, explica Tim Flohrer, chefe do Departamento de Detritos Espaciais da ESA.
Os operadores da missão, controlada a partir da Alemanha, pretendem, agora, aproveitar o combustível que resta para direcionar a descida para o oceano, o que vai permitir reduzir ainda mais a já pequena probabilidade de os fragmentos causarem danos caso atinjam a superfície terrestre – espera-se que grande parte do satélite arda antes de atingir a superfície terrestre.
Assim que o satélite atingir uma altitude de 280 km, os operadores preveem realizar uma série de manobras durante vários dias para transportar o satélite até uma uma órbita de 150 km.
A agência informa ainda que a chegada deverá acontecer no final de julho ou no início de agosto, apesar de a sua missão ter terminado em abril deste ano, mas que dependerá da atividade solar – as erupções solares e as ejeções de massa coronal podem ajudar a acelerar esta entrada – e de outros fatores, sendo impossível definir uma data com exatidão.
Este satélite foi lançado em agosto de 2018 com a finalidade de recolher informações importantes que ajudassem os meteorologistas e cientistas a fazerem previsões meteorológicas mais precisas. Com ele, levou o ALADIN, que mede a velocidade do vento, um dos instrumentos mais sofisticados alguma vez a ser posto em órbita, com dois grandes lasers, um grande telescópio e recetores muito sensíveis.