Marcámos encontro na esplanada da Foz do Porto, onde, regularmente, após terminar o programa da manhã na Rádio Observador (das 7h às 10h), vem tomar o café e ler os jornais. Um hábito adquirido desde muito cedo, no Lubango, Angola, país em que Júlio Magalhães viveu desde os três meses até aos 12 anos. Nunca regressou à antiga cidade de Sá da Bandeira para ver a casa, a escola e os lugares onde brincava, mas o país africano tem sido cenário recorrente dos seus livros. Chegou agora às livrarias o novo romance, Quando Voltámos a Acreditar no Amor, passado em 1965, que tem como pano de fundo a Guerra Colonial.
O que traz de África?
A vida ao ar livre e um espírito mais alegre. Quando cheguei ao Porto, senti uma grande diferença. A cidade era muito fechada e conservadora, parecia que não conseguia respirar. Só saíamos de casa para ir à escola e ao treino de basquetebol, fazia muito frio – pela primeira vez, passei a usar camisolas, calças, kispo, luvas e até ceroulas! Na década de 80, dos 18 aos 25 anos, em vez de ir para o Algarve fiz sempre o InterRail, percorri a Europa, numa altura em que ir a Espanha era quase um acontecimento.