Se aprendemos que a água sacia a sede e a comida “mata” a fome, a dopamina pode ser considerada a fonte de tal sabedoria. Este neurotransmissor – substâncias químicas produzidas e libertadas principalmente no cérebro – induz os impulsos nervosos que nos oferecem informações ligadas à chamada via da recompensa, através da qual ganhamos consciência do que nos proporciona bem-estar, numa relação causa-efeito.
Associada a várias outras funções do corpo humano, tanto cognitivas como motoras, a dopamina tem sido bastante estudada, até porque a sua desregulação, seja por excesso ou por défice, é uma causa de doenças como esquizofrenia, Parkinson ou a adição. No entanto, o seu modo de ação no sistema de recompensa ainda não é consensual. Uma corrente de pensamento defende que ela é ativada, sobretudo, quando nos deparamos com estímulos que levam a antecipar determinada recompensa (aprendizagem ao bom estilo pavloviano), tornando-a por vezes irresistível, mesmo em situações em que é nociva para o organismo. Outra refere que a sua interferência é mais significativa no processo motivacional inerente à realização de uma tarefa necessária para obter essa mesma recompensa (motivação).