Tudo começou num ginásio. Três amigos, com carreiras na área da segurança, decidem formar um grupo de resgate de animais maltratados, depois de salvarem uma cadela staffordshire, alegadamente usada em lutas de cães. Chamam-se a si próprios IRA, acrónimo para “Intervenção e Resgate Animal”.
Há um antes e um depois do IRA. Até então, o resgate de animais em más condições era um mundo na sombra, fechado sobre si mesmo, essencialmente de mulheres, que dedicavam boa parte das suas vidas a identificar e a socorrer cães e gatos, retirando-os, com a ajuda das autoridades, da casa de pessoas, que muitas vezes se debatem com sérios problemas psicológicos ou psiquiátricos, e encontrando uma família adotiva para os animais. O IRA revolucionou a causa animal, com imagem e linguagem inéditas em Portugal: as mulheres franzinas deram lugar a homens musculados, praticantes de artes marciais, vestidos com uniformes pretos e balaclavas, a esconder-lhes a identidade; nas redes sociais, o grupo usa terminologia militar ou policial e faz acompanhar as denúncias de maus-tratos com ameaças mais ou menos veladas aos supostos autores dos crimes, chegando a divulgar as moradas dos “infratores”.