Contagem decrescente para a meia-noite e doze passas na mão, seguidas de desejos e resoluções para o novo ano. Poupar dinheiro, deixar de fumar inscrever-se no ginásio (e ir…), dormir mais e melhor, passar mais tempo com a família e amigos estão entre as resoluções mais comuns. O cenário é idêntico todos os anos e, como de costume, as resoluções vêem a luz do dia durante algumas semanas, meses – com muita persistência -, para depois serem colocadas na gaveta e só voltarem a ser lembradas no início do ano seguinte.
Um estudo realizado pelo National Library of Medicine demonstrou que apenas 19% dos 200 participantes foram capazes de manter as suas resoluções de Ano Novo durante dois anos. Se esta pequena percentagem de participantes parece ser dotada de uma extraordinária força de vontade, a verdade é que o grupo de “guerreiros” não conseguiu ser totalmente cumpridor, uma vez que 53% afirmam ter sofrido uma recaída, explicada pela falta de controlo pessoal, stress excessivo e emoções negativas.
A questão óbvia que se coloca de seguida é, então: como como concretizar as resolulões da passagem de ano? Basta fazê-las numa altura do ano em que se sinta mais preparado para as concretizar. Parece simples e a verdade é que é. Se analisarmos o Modelo Transteórico da Mudança do Comportamento (MTMC) percebemos que existem três etapas pelas quais as pessoas têm de passar antes de se sujeitarem à alteração de hábitos na sua vida: a pré contemplação – quando negamos ter um problema que é reconhecido pelas pessoas à nossa volta; a contemplação – avaliamos as vantagens de mudar os nossos hábitos; e a preparação – tomamos medidas para iniciarmos a mudança. Por fim, resta-nos a ação, quando alteramos efetivamente os nossos hábitos. O que acontece habitualmente é que quando fazemos resoluções na passagem de ano queremos saltar diretamente para a fase da “ação”, ignorando por completo fases que nos permitem planear com rigor o que queremos alcançar- passado o esforço inicial, voltamos à estaca zero.
Mas existe ainda outra opção para ser bem-sucedido nas suas realizações de passagem de ano. Receber recompensas imediatas é a solução, diz um estudo publicado no Society for Personality and Social Psychology. Kaitlin Woolley e Ayelet Fishbach, professoras universitárias e autoras do estudo, verificaram que, quando as pessoas têm intenção de mudar algo na sua vida, conseguem manter esse hábito a longo prazo se lhes forem atribuídas pequenas recompensas imediatas.
De acordo com a investigação, se o objetivo é começar a fazer exercício físico, por exemplo, talvez seja melhor oferecer a si mesmo pequenos incentivos após cada treino (pode ser um alimento baixo em calorias de que goste), para celebrar as pequenas vitórias. Ou, como sugere a investigadora Wolley, para quem planeia dormir mais e melhor, apostar em estratégias que tornem a hora de dormir mais sedutora, como uma boa máscara para os olhos ou lençóis mais confortáveis. Segundo as investigadoras, esta é uma forma de evitar que as recompensas pareçam inalcançáveis e os objetivos a longo prazo sejam concretizados.
2023 pode não ser mais um ano de promessas vãs. Planeie bem o que quer concretizar e passe para a “ação” quando se sentir preparado, sem nunca se esquecer de se recompensar por todo o esforço.