Há muito que uma alegada promiscuidade entre empresas acreditadas para a formação de emergência médica e o INEM era motivo de denúncias às autoridades, e até de queixas de formandos, mas só agora terá levado a Justiça a atuar. Uma investigação foi aberta à forma como foram obtidas as certificações por privados que dão formação a técnicos de ambulâncias de socorro (TAS) e lecionam o curso de Suporte Básico de Vida – Desfibrilação Automática Externa (SBV-DAE), e aos moldes em que decorrem as auditorias ao trabalho desenvolvido por essas empresas, sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), tendo a Polícia Judiciária (PJ) já começado a ouvir vários envolvidos neste universo.
Em causa estarão cerca de 60 empresas do setor, a quem o INEM reconhece validade para poder formar TAS, profissionais que ainda assim não podem trabalhar naquele organismo mas unicamente nos seus parceiros – bombeiros e Cruz Vermelha Portuguesa. Mas que também podem contar com cursos SBV-DAE. Mais especificamente, a mira das autoridades visará os maiores privados deste setor – pelo menos, aqueles com quem alguns profissionais do instituto poderão ter colaborado ao longo de anos, de forma alegadamente incompatível. Ou seja, alguns responsáveis da área de auditoria e validação de formação terão trabalhado para empresas (às quais permitiram que fosse acreditado o seu ensino), quer como responsáveis quer como docentes. A VISÃO apurou que os responsáveis de uma empresa da região de Castelo Branco, outra do Norte do País e ainda uma outra de Lisboa já foram convocados pela PJ para prestar declarações. Visado nos últimos tempos por outras investigações abertas pelo Ministério Público, o INEM foi questionado pela VISÃO, no sentido de saber se algum profissional seu já foi notificado para ser ouvido, mas, até ao fecho desta edição, não houve qualquer resposta.