Pouco passava das 19h, na quinta-feira passada, já a noite cobria o País, quando dois veículos ligeiros chocaram de frente, na zona de Sete Rios, em Lisboa. Do acidente não resultaram feridos, apenas chapa batida, um dos carros irremediavelmente destruído, mas na sequência do acidente um sinal de trânsito vertical, localizado naquele lugar, na Avenida José Malhoa, acabaria arrancado do solo e derrubado.
O acidente – e em particular o facto de um sinal de trânsito ter ficado inutilizado – obrigou os intervenientes a contactarem a polícia. Eram 19h15 quando a Divisão de Trânsito da PSP recebeu o primeiro telefonema com o pedido de apoio, assegurando que, não tardaria, um carro-patrulha chegaria ao local “para tomar conta da ocorrência”. O tempo passou, porém, sem sinais da polícia. Uma, duas, três horas… Tempo inusitado que levou os condutores, já desesperados, a insistirem no contacto telefónico com a polícia. Quatro, cinco…
Os ponteiros do relógio moveram-se lentamente e quando a polícia chegou, finalmente, ao local dos acontecimentos já passava das 00h30… de sexta-feira. “Esperámos mais de cinco horas, sem qualquer informação ou explicação. Da polícia, apenas nos pediram para aguardar, que os colegas haveriam de chegar. Ligámos várias vezes, a insistir, mas nada… A polícia só chegou quando já era madrugada”, lamenta um dos envolvidos no acidente de viação, que prefere não ser identificado.
“O polícia com quem falámos ao telefone ainda tentou que resolvêssemos a situação através de uma declaração amigável, com o outro condutor, o que até seria possível, não fosse o problema de o sinal de trânsito ter sido derrubado na sequência do impacto com um dos carros envolvidos no acidente”, acrescenta. Quando assim é, a polícia tem mesmo de ser alertada…
Assim que chegaram ao local, os dois agentes da polícia, diz esta fonte, “não hesitaram em admitir que eram os únicos”, àquela hora – ou naquelas horas –, de serviço e disponíveis para acorrer às inúmeras solicitações na área de intervenção da PSP.
O caso até pode parecer insólito, mas, para o ser verdadeiramente, o mesmo teria de ter um traço original e isso, pelo que se sabe, não tem. A VISÃO apurou que, nas últimas semanas, não só em Lisboa, mas também noutras localidades do país, exemplos como este têm-se repetido vezes sem conta.
Porquê? A resposta é mais simples do que, à partida, se poderia supor: falta pessoal disponível. Assim confirmaram, de resto, vários agentes ouvidos pela VISÃO sobre este assunto. “Com a chegada da chuva, e como é habitual, o número de incidentes no trânsito também aumentou. Temos dado prioridade aos acidentes com feridos, como é óbvio, mas os restantes vão ficando para segundo plano, o que obriga muitas vezes os condutores e os passageiros envolvidos a terem de esperar muitas horas pela chegada da polícia. Não temos elementos suficientes e fazemos o que podemos…”, explicou, um deles, em conversa com a VISÃO.
A VISÃO tentou obter esclarecimentos junto da PSP, para tentar perceber a razão desta situação, mas, até ao momento, ainda nenhum esclarecimento sobre chegou à redação.