Provavelmente não vai chegar ao fim deste artigo, a menos que o tema lhe desperte a atenção e se concentre na leitura, o que envolve vontade e algum esforço. O princípio aplica-se ao engenheiro de uma obra, quando tem de planear e aferir as operações no terreno, ou ao piloto que lê a checklist em voz alta enquanto executa e monitoriza as ações de forma consciente, a fim de não entrar – é daí que vem a expressão – em piloto automático, com implicações trágicas na gestão do risco. Uma desatenção do cirurgião será igualmente crítica, senão fatal, e um atleta de alta competição que se deixe afetar por distrações, internas ou externas, ficará limitado na capacidade de antecipar movimentos e coordená-los com perícia.
O mesmo sucede na vida mundana: precisamos de prestar atenção em tarefas tão corriqueiras como confecionar uma refeição, atravessar a passadeira, conduzir, escrever mensagens e enviá-las ao destinatário certo, fazer pagamentos eletrónicos ou tomar a medicação correta. Numa situação assustadora, é provável que experimente a chamada “visão de túnel”, ficando hiperconsciente e centrado no perigo potencial. Evoluímos porque afinamos essa competência cognitiva, escapando a predadores e explorando talentos criativos que nos conduziram a uma vida funcional e interessante.