Na próxima semana, na noite de 27 para 28 de março, as maiores personalidades do universo cinematográfico vão convergir em Hollywood, Los Angeles, e desfilar pela passadeira vermelha a caminho de mais uma gala dos Oscars. No palco, para as receber, vão estar três mulheres, que farão o papel de anfitriãs: Wanda Skyes, Regina Hall e Amy Schumer. É já a 94.ª edição daquela que é a mais conceituada cerimónia de atribuição de prémios da sétima arte a nível global.
Há quatro anos que os Oscars não tinham um anfitrião, mas Schumer diz não sentir o peso da pressão: “Não há pressão, diria. É como se não houvesse ninguém com quem se possa comparar, já passou tanto tempo. Acho que estamos prontos para nos divertir e aproveitar a ocasião”, partilhou Schumer à revista norte-americana Variety.
Mas quem é Amy Schumer? Comediante, atriz e escritora, tem uma carreira preenchida e cheia de êxito, mas não sem os seus contratempos. Escreveu um livro best-seller, foi nomeada para um Emmy e um Tony, e pelo caminho foi detida por protestar contra a nomeação de um juiz para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos.
Sucesso profissional
Nasceu em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e começou a carreira na comédia, singrando também, pouco tempo depois, no grande ecrã. Tudo começou a correr bem para Schumer a partir de 2011, quando uma série de participações muito aclamadas em programas de comédia nos Estados Unidos culminaram na realização de um especial de comédia em nome próprio, intitulado Mostly Sex Stuff. O especial ficou muito popular e cimentou Schumer como um nome a ter em conta no mundo do entretenimento.
Nos primeiros anos de carreira, o estilo da comediante era muito revelador, arriscado, e revolvia sobretudo em torno da sua vida íntima e amorosa, o que não era especialmente comum entre as poucas mulheres que arriscavam entrar no universo da comédia. As suas piadas repletas de profanidade e histórias rocambolescas sobre ex-namorados foram sempre extremamente bem recebidas pelas audiências, e elevaram Schumer ao estatuto de uma das mais populares comediantes de sempre. O ponto mais alto chegou mesmo em 2016 quando Schumer se tornou a primeira mulher comediante a esgotar a mítica arena Madison Square Garden, em Nova Iorque, com uma capacidade para 18 mil pessoas.
Seguiu-se uma prolífica carreira no cinema e na televisão, onde, só entre 2011 e 2018, participou em cinco filmes e escreveu a série com mais sucesso do seu catálogo, Inside Amy Schumer, que teve três temporadas, rodou de 2013 a 2016 e ganhou três Emmys. No grande ecrã, Schumer também escreveu e contracenou num dos filmes mais populares de 2015, que estreou em Portugal com o título Descarrilada, onde conseguiu aliar um enorme sucesso comercial com a avaliação positiva dos críticos. Pelo caminho, transformou-se numa autora best-seller quando publicou uma coleção de ensaios chamada The girl with the Lower Back Tattoo (o livro ainda não está traduzido para português), e foi nomeada para um prémio Tony – o equivalente a um óscar no mundo do teatro norte-americano – pela sua prestação na peça Meteor Shower.
Mas com o sucesso, vieram as críticas. Em 2016, Schumer foi acusada de plágio devido a piadas suas que muitos presumiram ter sido roubadas a outros comediantes – há inclusivamente um vídeo no YouTube com exemplos de piadas alegadamente roubadas por Schumer que já conta com 8,6 milhões de visualizações. A comediante negou veementemente esta acusação, mas o mal estava feito. A certo ponto sentiu que “era odiada por toda a internet”, mas não se deixou ir a baixo e continuou a trabalhar: “Vamos ver, quem é que é mais odiado? Lebron James? Tom Brady? São sempre as pessoas no topo das suas carreiras”, disse, comparando-se com dois astros do desporto americano. Depois de uma curta pausa na carreira, Schumer está agora a participar numa série intimista que escreveu para a plataforma americana Hulu, chamada Life & Beth.
Ativismo Político
Além do sucesso no mundo do entretenimento, Schumer têm-se dedicado ao ativismo político, apoiando ardentemente várias causas ao longo dos anos. Discursou lado a lado com o Senador americano Chuck Schumer, de Nova Iorque, seu primo em segundo grau, sobre a necessidade de impor restrições ao mercado das armas de fogo na América, e esteve bastante envolvida no movimento Black Lives Matter – uma série de protestos nos Estados Unidos, e um pouco por todo o mundo, contra a desigualdade racial e a violência policial, desencadeados pela morte de um cidadão norte-americano, George Floyd, às mãos de um polícia.
Participou também ativamente no movimento #MeToo, chegando a ser presa num protesto contra o juiz do Supremo Tribunal dos Estados Unidos Brett Kavanaugh – que foi acusado de agressão sexual por parte de uma antiga colega de universidade. Num tweet publicado pelo canal americano MSNBC pode ver-se uma fotografia de Schumer a protestar no átrio de um dos edifícios do Senado dos Estados Unidos.
Oscars 2022
A próxima etapa para Schumer passa por apresentar a próxima edição dos Oscars, juntamente com Wanda Skyes e Regina Hall. Numa recente aparição no programa The View, Schumer referiu estar preparada para o desafio: “Eu mesma estou preparada para fazer coisas agora, especialmente depois da pandemia. Estou muito entusiasmada”, disse. Lembrou também que o seu estilo é “mesquinho” e que não planeia acomodar o seu tom às celebridades presentes: “Falei com o meu advogado e ele não me deixa dizer metade do que eu tinha planeado. Por isso, tudo o que ele deixar, eu vou dizer”.
Os Oscars vão ser transmitidos em Portugal à uma da manhã no dia 28 de março, na RTP1.