O amor pela natureza e a forma como se experiencia o contacto com a mesma é parcialmente hereditário, garante um novo estudo. Os investigadores afirmam que esta nova descoberta pode “abrir uma nova dimensão para o estudo das interações homem-natureza”.
Recorrendo ao banco de dados TwinsUK – que reúne várias informações sobre centenas de gémeos idênticos e não idênticos em todo o Reino Unido – os investigadores analisaram como os genes e o meio podem condicionar a relação com a natureza. Além da questão hereditária, abordaram também a oportunidade de uma pessoa viver em áreas menos urbanizadas; a frequência e duração das visitas a um espaço natural; e frequência e duração das visitas ao jardim.
O estudo chegou à conclusão de que é possível analisar a herdabilidade com base nas semelhanças genéticas no gémeos idênticos (monozigóticos – MZ) – que ronda os 100% – e as semelhanças genéticas em gémeos não idênticos (dizigóticos – DZ) – cerca de 50%. “Se um parâmetro, [como o] desejo de estar na natureza, é claramente mais semelhante entre gémeos idênticos do que gémeos não idênticos, isso sugere que um traço é hereditário”, lê-se no estudo publicado na Plos Biology.
“Os gémeos MZ têm mais semelhanças entre si na relação com a natureza e em 3 das 4 dimensões da experiência (frequência de visitas ao espaço público e frequência e duração das visitas ao jardim) do que os pares de gémeos DZ”, concluem.
No entanto, quem vive em ambientes urbanos sem acesso à natureza pode acabar por ter uma menor relação com ela, independentemente dos genes. “Não analisámos isso no nosso estudo, mas é possível porque existem vários outros estudos que mostraram que passar tempo na natureza aumenta o amor por esta”, refere Chia-chen Chang, que liderou o estudo.
Embora estudos anteriores tenham descoberto que passar tempo em espaços naturais melhora o bem-estar mental, agora sabe-se que isso varia de pessoa para pessoa. Os investigadores afirmam que este estudo “fornece a primeira evidência de influências genéticas na orientação de um indivíduo em relação à natureza e nas experiências da natureza”.
A equipa acrescenta ainda que “a consideração das influências genéticas na experiência da natureza abre uma nova dimensão para o estudo das interações homem-natureza e ajuda a fornecer uma imagem mais abrangente da variação individual nas experiências da natureza”.