O Pacto Climático de Glasgow tem oito páginas, sendo que a última conta com apenas seis linhas de texto. Nessas sete páginas e pouco, a palavra “carvão” surge uma vez, apesar de a sua eliminação ser fundamental para se reduzir drasticamente as emissões de gases com efeito de estufa; “combustíveis fósseis”, uma outra; “petróleo” não consta do documento; “tecnologia”, ou “tecnológico”, aparece 17 vezes.
A conclusão da Cimeira do Clima, aprovada em novembro por todos os países-membros das Nações Unidas, mostra a crença no desenvolvimento tecnológico como resposta à crise climática. Há razões para essa fé. Nos últimos anos, têm sido dados saltos qualitativos que permitiram, por exemplo, que os painéis solares produzam hoje dez vezes mais eletricidade do que há uma década, quando comparados os preços por watt; já há testes com aviões a voar com energias alternativas ao querosene; o hidrogénio, provavelmente a energia do futuro, lado a lado com a eletricidade produzida por fontes renováveis, parece estar a desenvolver-se mais depressa do que se esperava.