A cara da coroa
Isabel II, há 70 anos no trono
Em outubro passado, o assunto da abdicação de Isabel II voltou à baila. Problemas de saúde obrigaram a monarca a cancelar compromissos, mas a rainha, de 95 anos, seguiu à risca as prescrições dos médicos e, menos de um mês depois, regressou ao trabalho, em vésperas de comemorar, a 6 de fevereiro próximo, sete décadas no trono britânico. Por isso, ninguém esperava que na sua primeira mensagem de Natal após a morte do marido, em abril, Isabel II falasse em abdicação. Aconteceu o expectável: vestida de vermelho e com um alfinete de peito que usou na lua de mel e na celebração das bodas de diamante, a rainha transformou o momento num tributo ao príncipe Filipe, com quem foi casada durante 73 anos. Para Isabel II, a abdicação parece continuar a ser um não assunto. Ao que explicam os seus biógrafos, a também chefe da Igreja Anglicana considera a coroa divina e inviolável, e que, portanto, deve ser suportada até ao fim. E, nessa missão, mostra-se um rochedo inabalável, por maiores que sejam as ondas de escândalos que atinjam a família real.


Estar presente
100 anos do nascimento de José Saramago
Continua a ser o único Nobel da literatura portuguesa, mas as comemorações do centenário de José Saramago (1922-2010) não vão dedicar-lhe estátuas épicas: preferem evocar o cidadão interessado, solidificar o lugar do escritor na história cultural e literária, assegurar a sua influência internacional, manter a proximidade a novas gerações de leitores, fazê-lo vizinho. O autor nascido na Azinhaga cumpriria um século de existência a 16 de novembro de 2022, mas as homenagens começaram um ano antes, com sessões de leitura como as já realizadas em 100 escolas básicas nacionais, onde se leu o seu conto A Maior Flor do Mundo. Em 2022, Saramago estará nas ruas, nas universidades, nos teatros, nas galerias, na Fundação José Saramago (presidida por Pilar del Río, companheira do escritor), no Brasil, em Espanha, em Portugal. O ambicioso programa do centenário, comissariado por Carlos Reis (especialista nas obras queirosiana e saramaguiana), inclui colóquios, conferências (em que marcará presença a também “nobelizada” Olga Tokarczuk), concertos, bailados, sessões de cinema, lançamentos (a fotobiografia, a poesia completa…), leituras. Tudo para que Saramago perdure como escreveu – fazendo-se presente no mundo à sua volta.

