Percorremos uma das maiores avenidas de Lisboa, certamente a mais multicultural, à procura de autotestes ao vírus SARS-CoV-2. Entrámos em todas as farmácias e supermercados da Av. Almirante Reis e do pequeno troço da Rua da Palma, junto ao Martim Moniz. São cerca de 3 km onde existem seis farmácias e cinco supers das cadeias Pingo Doce, Auchan e Minipreço.
Pois bem, as contas resumem-se assim: dos 11 locais visitados, apenas quatro (um supermercado e três farmácias) tinham auto-testes para vender com preços entre os €2,09 e os €5,50.
Amanhã, dia 1 de dezembro, entram em vigor as novas medidas de contenção à Covid-19 e, uma delas, é a obrigatoriedade de teste negativo para entrar em bares, discotecas, recintos desportivos (mesmo ao ar livre, como estádios de futebol), visitas a lares e a pacientes internados em estabelecimentos de saúde. Assim, a corrida aos auto-testes já começou. E foi no fim de semana que parece ter-se iniciado. No sábado, pela hora de almoço, o Continente do Centro Comercial Colombo tinha as prateleiras vazias.
Voltemos à Almirante Reis e ao nosso percurso. A primeira pergunta que fizemos foi sempre a mesma: “Bom dia, tem autotestes?” As respostas, essas, foram variando entre o “acabaram ontem”, “esgotaram”, “temos, temos”, “não há, nadinha”, “não temos”, “não temos desde a semana passada”, “sim” ou “acabaram na segunda-feira”.
Aos “nãos” que recebemos, questionámos quando voltariam a ter. Apenas um funcionário de um supermercado disse, perentoriamente, “quinta ou sexta vamos receber mais”, e ainda indicou uma outra loja da mesma cadeia, numa transversal da avenida, que ainda dispunha de stock. Noutro supermercado, onde havia várias caixas de autotestes a €2,09, o funcionário garantiu que nunca tiveram problemas de stock e que “estamos sempre a receber mais”.
O mesmo não se passou nas farmácias. “Já pedimos, mas não sabemos quando entregam mais, dizem que há rutura de stocks”, lamentou um técnico. Outro notou “vou ter mais, não sei é quando…” ou, ainda outro, “até temos recebido em grande quantidade, mas anda muita gente à procura”.
Nas farmácias com autotestes nas vitrines a conversa foi diferente, como se tivéssemos mudado de cidade. Numa ouvimos um “sim, temos”, como se fosse um ‘claro que temos’. O facto é que tinham e uma gaveta cheia deles. Mesmo no limite da avenida, um farmacêutico apressou-se a ir buscar uma caixa para mostrar a marca do autoteste (igual ao que se vende no Minipreço, mas o preço era mais do dobro).