A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) autorizou hoje a utilização da vacina Pfizer/BioNTech em crianças entre os 5 e os 11 anos.
O regulador disse que a vacina é segura e eficaz e “que os benefícios superam os riscos, particularmente naquelas em condições de terem doença grave”, tendo por isso recomendado “estender a indicação da vacina” para esta faixa etária.
O uso da Comirnaty (nome comercial da vacina Pfizer/BioNTech) foi avaliado pelo Comité dos Medicamentos para Uso Humano da EMA e teve luz verde, sendo a primeira vacina na União Europeia para esta faixa etária.
Aguarda-se, ainda, o parecer da EMA sobre a vacina da Moderna para esta mesma faixa etária.
A Direção Geral da Saúde vai, agora, aguardar pelo parecer da Comissão Técnica de Vacinação que avaliará os benefícios (doença física, saúde mental e interrupção das aulas) e os riscos. A decisão da EMA não é “automática”, referiu ontem Graça Freitas, diretora-geral da Saúde. Cada país é que determina “o esquema ideal para a população” e de que forma é que o processo se desencadeia. “Cada país tem o seu próprio timing, cada país recorre ao melhor esquema para as suas crianças.” Graça Freitas, que se mostrou “fortemente a favor” da vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos, disse ainda que “ grupo dos zero aos nove anos é o mais vulnerável” neste momento, apontando que as “crianças transmitem [a doença] entre elas e também a outras pessoas vulneráveis”, apesar de os sintomas não serem tão graves.
Manuel Carmo Gomes, epidemiologista, nota que “não basta que exista uma vacina eficaz e segura para decidimos vacinar milhares de pessoas”. O, também, membro da comissão de vacinação atesta que “ainda não existe um país que tenha dado uma grande quantidade” de vacinas a crianças para que se possam tirar muitas conclusões.
A decisão da EMA sucede-se à autorização de emergência dada pela Food and Drug Administration (FDA, na sigla inglesa; regulador dos EUA) à mesma vacina no dia 29 de outubro. No relatório, a FDA refere que a resposta imunitária das crianças entre os 5 e os 11 anos foi comparável à de indivíduos entre os 16 e os 25 anos. Além disso, a vacina foi considerada 90,7% eficaz na prevenção de Covid-19 em crianças desta faixa etária. Em relação à segurança da inoculação, a FDA aposta que a vacina foi estudada em cerca de 3 100 crianças com 5 a 11 anos e que nenhum efeito secundário grave foi detetado.
De acordo com as indicações dadas, a vacina será administrada em duas doses, com um intervalo de três semanas, e terá 10 microgramas de substância ativa, em vez das 30 microgramas dadas a partir dos 12 anos.
A Sociedade Portuguesa de Pediatria e a Comissão de Vacinas da Sociedade Portuguesa de Pediatria anunciaram, em comunicado publicado no site, que “provada a segurança e eficácia da vacina, poderá ser considerada a sua aplicação neste grupo etário [5 -11 anos], se isso permitir trazer normalidade à vida das crianças”, já que têm sido “fortemente prejudicadas” devido aos confinamentos sucessivos.
Por seu lado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou ontem que a vacinação das crianças pode ter vantagens “que vão além dos benefícios diretos para a saúde”. “A vacinação pode reduzir a transmissão de crianças e adolescentes para adultos mais velhos e pode ajudar a reduzir a necessidade de medidas de mitigação em escolas”, diz-se no relatório. No entanto, a OMS diz que a prioridade deve ser dada aos grupos de risco, como idosos, pessoas com doenças crónicas e profissionais de saúde.
No documento, a OMS chama a atenção para o facto de as crianças terem sido “afetadas de forma desproporcional” pelas medidas de controlo da Covid-19. “Calcula-se que 24 milhões de crianças correm o risco de não voltar à escola por causa da pandemia, o que representa um prejuízo de 10 biliões de dólares (8,9 mil milhões de euros).”