Um empresário de jogadores de futebol anda sempre à procura do próximo talento. À medida que a faturação aumenta, através das comissões recebidas nas transferências entre clubes, crescem a sua rede de informadores e a carteira de clientes. A atividade de gerir carreiras de futebolistas ganhou expressão a partir da década de 1990, e hoje qualquer jovem promissor aos 12 ou 13 anos já tem contrato com um representante. Só é assim porque impera na indústria uma feroz concorrência, com os melhores clubes sempre de olho nos mais capazes, venham eles de onde vierem. As fronteiras foram há muito abolidas: a base de recrutamento é o mundo inteiro.

Rosanna Lopes
Freelancer marketing digital
38 anos
Quando lhe perguntam onde vive, a resposta sai-lhe na ponta da língua: “Não tenho casa.” Esta luso-holandesa costuma passar o verão em Portugal e o inverno na Ásia ou no continente americano, alternadamente, sem deixar de saltitar entre países pelo meio. Há seis anos que deixou Londres, onde vivia, para se assumir como nómada digital. É dona do seu tempo e do seu negócio, que lhe dá tudo o que deseja da vida. “Ganho mais do que nunca”, admite.
Esta realidade bem conhecida no desporto mais popular começa agora a replicar-se no mercado de trabalho remoto, cada vez mais competitivo, à escala planetária. No final de 2019, Filipe Lacerda, 31 anos, criou a HumanIT, uma consultora que gere carreiras ligadas às Tecnologias de Informação (TI), de longe a área mais requisitada internacionalmente. Tem uma equipa de caça-talentos, que os descobre nas empresas e na internet, presta aconselhamento a nível de formação tecnológica e de escolhas profissionais, e faz-lhes chegar propostas de trabalho. “Às vezes, na brincadeira, digo aos clientes que eles são o Ronaldo e eu o Jorge Mendes”, comenta Filipe, entre sorrisos.
