A atriz britânica Keira Knightley, conhecida pelo seu papel nos filmes “Piratas das Caraíbas” e “Orgulho e Preconceito”, afirmou à revista Haper’s Bazzar não conhecer nenhuma mulher que não tivesse já sido assediada. Quando questionada se já tinha passado por alguma situação destas, a atriz respondeu: “Sim! Quer dizer, todas já passámos. Não conheço ninguém que nunca tenha sido, de alguma forma, quer seja a exibirem-lhe o órgão sexual ou a ser apalpada, ou algum homem que dissesse que nos vai cortar a garganta ou dar um murro na cara”, afirmou.
As declarações de Knightley surgiram depois de ser conhecido o desfecho do caso de Sarah Everard, a jovem de 33 anos que desapareceu em março, no sudoeste de Londres. Esta semana, o principal suspeito, Wayne Couzens, admitiu ter raptado, violado e assassinado a jovem.
O caso tem chocado o país por o culpado se tratar, na altura do crime, de um agente da Polícia Metropolitana e trouxe ainda para a ordem do dia a discussão sobre a insegurança que as mulheres sentem quando andam sozinhas à noite. “Foi quando as mulheres começaram a identificar todas as precauções que tomam quando caminham para casa para se certificarem de que estão seguras que eu pensei que faço cada uma delas, e já nem penso nisso. É deprimente”, explicou Knightley à revista.
Ainda sobre o caso, a atriz comentou a sugestão feita, na altura, por um membro do Partido Verde de que fosse imposto um recolher obrigatório para os homens. “Os homens ficaram indignados, mas há um recolher obrigatório para as mulheres e sempre houve”, acrescentou.
Segundo uma pesquisa realizada pela UN Women do Reino Unido, mais de 70% das mulheres no país foi vítima de assédio sexual em espaços públicos. Já segundo os dados divulgados em março de 2021, este número subiu para 97% entre as mulheres entre os 18 e 24 anos.
Em Portugal, as questões sobre o assédio sexual têm ganhado maior destaque nos últimos meses com o crescimento do movimento #metoo, com várias atrizes, cantoras e apresentadoras a começarem a partilhar as suas histórias de abusos e insinuações. Também associações como a Liga Feminista do Porto têm denunciado vários casos que lhes têm chegado através das redes sociais.