A antropóloga Chiara Pussetti, 48 anos, e o produtor audiovisual Hugo Carosa, 44, andam “encantados com a Natureza, as quedas de água, a comida (‘Ai o sabor da posta mirandesa…’) e as pessoas”, com quem têm metido conversa durante a primeira semana que já levam a morar em Rio de Onor, a aldeia raiana com 50 habitantes situada no Parque Natural de Montesinho, onde vão continuar em teletrabalho até ao final de maio. “É uma pérola. Sinto-me em casa. Já lhe chamo a minha aldeia”, confessa Chiara, sentada na cadeira do jardim virado para o rio, que tem sido o seu escritório nos dias de bom tempo, a orientar doutoramentos e trabalhos de investigação para a Universidade de Lisboa.
A viverem num apartamento na capital, o casal foi uma das quatro famílias escolhidas pelo município de Bragança para trabalharem durante um mês em Trás-os-Montes, no âmbito do projeto-piloto Liberdade para Recomeçar, inserido no programa europeu Find Your Greatness, e que é partilhado com outras seis cidades da União Europeia, entre as quais Wroclaw (Polónia), Perugia (Itália) e Budafok (Hungria). O objetivo principal, garante Hernâni Dias, presidente da Câmara de Bragança, passa por “estimular a deslocação de pessoas do Litoral para o Interior”, propondo-lhes “uma experiência social” e de vivência com os seus usos e costumes. E demostrando, claro, que a geografia é cada vez menos uma barreira para os nómadas digitais.