Desde 2014, quando o Facebook adquiriu o WhatsApp por 11,6 mil milhões de euros, que os especialistas se têm perguntado como iria a rede social tornar esta compra rentável. As incertezas aumentaram quando, em 2020, a empresa recuou no plano de colocar anúncios na plataforma. Agora as dúvidas foram esclarecidas quando, na passada quarta-feira, Mark Zuckerberg anunciou, no seu perfil do Facebook, os lucros trimestrais da empresa. Assim, foi possível perceber que o WhatsApp está a ser usado para impulsionar as vendas de anúncios do Facebook e do Instagram.
A estratégia usada, desde 2017, é fazer uma ligação entre as várias plataformas. As empresas podem adquirir anúncios no Facebook e no Instagram, que depois lhes permitem, através de uma ligação, o “click to WhatsApp”, seguir diretamente para a rede social, onde podem comunicar com os clientes e finalizar as transações. Segundo, Zuckerberg este sistema já conta com um milhão de empresas como utilizadoras.
Para expandir nesse ramo lançou, em 2019, a aplicação WhatsApp Business, para que as empresas possam criar os anúncios a partir desse espaço, tornando o processo de compra simplificado. Esta permite aos utilizadores fazerem “catálogos” dos produtos que vendem, onde depois podem selecionar o produto que pretendem anunciar no Facebook e/ou Instagram, redirecionando os clientes de volta para o WhatsApp Business. A aplicação já conta com 100 milhões de mensagens por dia.
“Para muitas pessoas o comercio online é menos sobre websites e lojas, e mais sobre mensagens. Querem ter apoio e fazer as compras logo pelos chats. Os pequenos negócios querem mostrar os seus produtos e receber encomendas por mensagens e as grandes empresas querem infraestruturas viáveis e seguras para comunicar com os clientes. O próximo passo é fazer com que seja mais fácil as empresas adotarem todos estes serviços e dar-lhes as ferramentas para que possam gerir as mensagens e a relação com os clientes”, escreveu Zuckerberg na rede social. Para além disso, o CEO quer ainda criar um atalho do WhatsApp Business, para direcionar os clientes para o WhatsApp.
Assim, ao que parece o Facebook está mesmo a desistir da ideia de colocar anúncios no próprio do WhatsApp, motivo que tinha levado os fundadores, Jan Koum e Brian Acton, a abandonar a aplicação depois da aquisição. Quanto às receitas, esperam-se que no futuro venham de pagamentos através da plataforma e do comércio eletrónico. “Temos um longo caminho por percorrer para construir uma plataforma completa de comercio através dos nossos serviços, e isto é uma jornada de vários anos, mas estou muito empenhado em lá chegar”, acrescenta.
Apesar de conseguirmos concluir como está a ser utilizado o WhatsApp para impulsionar o negócio dos anúncios, não conseguimos, pela comunicação do CEO, perceber qual o valor que este impulso traz ao Facebook. Sendo que, para além de não mencionar qual o número de vendas que advém do “click to WhatsApp”, o número de um milhão de empresas como utilizadores apenas corresponde a uma pequena fração dos 50 milhões de empresas que usam o WhatsApp, sendo que se lhe adicionarmos os números do Facebook estes chegam aos 200 milhões..
Já no que diz respeito à restante receita feita pelo Facebook, no primeiro trimestre de 2021, podemos ver que nos anúncios fez 25.4 mil milhões de dólares (21. 13 mil milhões de euros), um aumento de 46% em relação ao período anterior. Teve, ainda, um lucro de 3.30 dólares (2.75 euros) por ação, um aumento de 93% ano em ano, tendo uma receita de 26.2 mil milhões de dólares (21.80 mil milhões de euros). No total ultrapassou a receita que os analistas do Wall Street tinham projetado.
Os bons resultados não eram previstos, sendo que neste trimestre o Facebook enfrentou uma série de problemas desde consequências depois da invasão ao capitólio, com a acusação de que posts na rede social incitaram ao incidente, e ainda as questões que a plataforma enfrentou devido à desinformação e a problemas relacionados com a privacidade, quando os dados de mais de 500 utilizadores foram divulgados online num fórum de hacking.