Distinguida em março com o Prémio Pessoa, a professora e vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa recebeu hoje o galardão, entregue pelo Presidente da República, numa cerimónia restrita devido à pandemia de covid-19 (habitualmente decorre na Culturgest).
Elvira Fortunato considerou apropriado receber o Prémio Pessoa no Dia Mundial do Livro, porque embora não seja escritora passa a maior parte do seu tempo a escrever, e acrescentou que tem um significado especial por ter sido atribuído na área da ciência e tecnologia e a uma mulher.
“Um país que não aposte no conhecimento está destinado ao fracasso! Assim, porque a ciência só progride se soubermos partilhar e saber trabalhar em equipa para um objetivo comum, dedico pois este prémio à ciência e aos cientistas, particularmente os que comigo partilham das mesmas preocupações e aspiram a fazer sempre mais e melhor”, disse.
Sobre ter sido atribuído a uma mulher lembrou que as mulheres são metade da população e que o seu trabalho “continua a ser menos valorizado”.
“Basta ver que, em 34 edições do Prémio Pessoa, eu sou a sétima a ser distinguida”, disse, dedicando por isso a distinção”a todas as mulheres que trabalham e lutam todos os dias por mais igualdade de oportunidades”.
Afirmando que o prémio é um marco na sua carreira, a investigadora destacou depois a “equipa fantástica” de investigadores e alunos da Universidade Nova e o trabalho científico e tecnológico que tem sido feito e que tem sido reconhecido. “Por isso este prémio é também para a nossa equipa”, disse.
Elvira Fortunato ainda esperar que o prémio sirva de “inspiração às futuras gerações, e que acima de tudo nunca desistam de realizar os seus sonhos”.
A investigadora é especialista em Microeletrónica e Optoeletrónica, e uma das inovações pela qual se destaca é a do transístor de papel.
“A ideia de usar o papel como um ‘material eletrónico’ abriu portas, em 2016, para futuras aplicações em produtos farmacêuticos, embalagens inteligentes ou microchips recicláveis, ou até páginas de jornal ou revistas com imagens em movimento”, referiu o júri no anúncio do prémio.
E salienta também que como resultado do trabalho desenvolvido por Elvira Fortunato e a sua equipa de investigação no laboratório CENIMAT na Universidade NOVA de Lisboa, foi estabelecido em Portugal um Laboratório Colaborativo vocacionado para o papel eletrónico.
“A ciência e a inovação são sinónimos da carreira de Elvira Fortunato”, diz ainda o júri, que recorda que a investigadora também recebeu o prémio Horizon Impact Award 2020, atribuído pela Comissão Europeia.
O Prémio Pessoa, este ano na 34.ª edição, é uma iniciativa do jornal Expresso e tem o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos. Tem o valor de 60 mil euros e visa reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país.
Na cerimónia, de acordo com o alinhamento, falaram além da investigadora o presidente do Grupo Impresa e presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão, o presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos, Emílio Rui Vilar, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
FP // HB