No ano 46 a.C., Júlio César decidiu que o primeiro dia de janeiro seria o “dia do ano-novo.” Esta data nem sempre foi consensual, tendo variado ao longo dos séculos – até 1751, o ano novo começava a 25 de março em Inglaterra, por exemplo. Foi a partir desse mesmo ano que a data de 1 de janeiro passou a ser consensual na cultura ocidental.
Entre as várias superstições que existem no dia 1 de janeiro – desde comer passas a usar roupa branca – as resoluções de ano novo estão sempre presentes nos festejos de mais um movimento da Terra à volta do Sol. Perder peso, ir ao ginásio, organizar a vida, aprender um instrumento, poupar dinheiro, parar de fumar ou passar mais tempo com a família são apenas alguns exemplos das resoluções de ano novo mais comuns.
Infelizmente, estas resoluções não parecem ser particularmente eficientes. De acordo com um estudo publicado na National Library of Medicine, apenas 19% dos 200 participantes foram capazes de manter as suas resoluções durante dois anos. Por sua vez, 77% dos visados mantiveram as suas resoluções na primeira semana – o que pode ter causado uma forte afluência a ginásios e uma queda momentânea no mercado do tabaco. No entanto, nem os participantes que mantiveram as suas resoluções conseguiram ser totalmente rígidos a segui-las: 53% destes tiveram pelo menos uma recaída, explicada por falta de controlo pessoal, stress excessivo e emoções negativas.
Perante estes números, a ideia de fazer uma (ou mais) resolução de ano novo não parece particularmente motivadora. Mas o que nos leva a falhar as nossas promessas para o novo ano?
As cinco fases necessárias para mudar hábitos
De acordo com o Modelo Transteórico da Mudança do Comportamento (MTMC), as pessoas têm de passar por cinco etapas na sua vida para conseguir mudar determinados hábitos com sucesso: a pré-contemplação – quando negamos ter um problema, mas as pessoas à nossa volta o reconhecem; a contemplação – já começamos a pensar nos prós e contras de mudar hábitos; a preparação – quando tomamos medidas para nos preparamos para a mudança; a ação – mudamos os hábitos; e, por fim, a manutenção – percebemos como manter estes hábitos a longo prazo.
O problema em fazer uma resolução de ano novo prende-se com a incompatibilidade com estas cincas fases. Ao agendarmos a mudança de um hábito para um determinado dia, estamos a impôr o início da quarta fase – a “ação” – sem termos necessariamente passado pelas três fases anteriores. Como escreve Amy Morin na Psychology Today, esta é a razão pela qual apenas uma pequena percentagem das pessoas consegue manter as suas resoluções de ano novo a longo prazo.
Quanto às resoluções falhadas, a psicoterapeuta norte-americana afirma que há uma grande probabilidade de muitas das pessoas estabelecerem resoluções de ano novo por pressão social, e não por se sentirem capazes de as realizarem. Estas pessoas podem estar apenas na primeira ou segunda fase – a “pré-contemplação” e “contemplação.”
Como concretizar as resoluções de ano novo?
A solução para ser bem-sucedido nas resoluções de ano novo pode ser… não as fazer no ano novo. Em vez de agendar estas mudanças de comportamento para o dia que Júlio César escolheu há mais de dois mil anos, o ideal será avançar para estas resoluções quando se estiver preparado – ou seja, depois de passar pelas primeiras três etapas do MTMC. Esta preparação pode passar, por exemplo, por organizar a vida caso o objetivo seja uma mudança dos hábitos financeiros, ou, se se almejar para a perda de peso, fazer uma pesquisa sobre o assunto antes de o tentar concretizar. Assim que a preparação estiver feita, é altura de partir para a ação.