Rui Rangel foi chamado hoje às instalações do Supremo Tribunal de Justiça para ser ouvido no âmbito do processo-crime em que é suspeito de vender decisões judiciais e de manter uma série de negócios lucrativos paralelos à carreira de juiz.
O antigo juiz do Tribunal da Relação de Lisboa, que foi expulso da magistratura por decisão do órgão disciplinar dos juízes – decisão essa confirmada esta semana pela seção de contencioso do Supremo Tribunal de Justiça -, foi chamado pela segunda vez ao processo conhecido como Operação Lex, desta vez para interrogatório complementar, devido aos factos novos reunidos pela investigação, que está a cargo de uma equipa mista da Polícia Judiciária, Autoridade Tributária, Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça. Esteve nas instalações do tribunal de manhã, tendo saído antes do meio-dia.
Entre outras coisas, Rangel foi confrontado com os sms que enviou e recebeu do seu telemóvel, que teve de ser desencriptado pelas autoridades depois de em janeiro de 2018, quando foi alvo de buscas, se ter recusado a ceder a password do telefone. Destas mensagens, a investigação destaca como incriminatórias algumas enviadas para alguns juízes, como é o caso de Luís Vaz das Neves, ex-presidente do Tribunal da Relação de Lisboa, também arguido neste processo.
O Ministério Público está a fazer uma última ronda de interrogatórios, na tentativa de terminar a acusação até às férias judiciais. Rui Rangel é o principal arguido do processo e deverá ser acusado de vários crimes, como corrupção, tráfico de influência, fraude fiscal e branqueamento de capitais; Vaz das Neves e o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, também deverão ser acusados.