A cadeia americana de fast-food Burger King anunciou na semana passada que está a eliminar os corantes, conservantes e sabores artificiais de todas os seus hambúrgueres – uma estratégia que visa dar resposta às preocupações da comida saudável. A missão começará pelos restaurantes americanos e europeus, mas o objetivo da marca é mais ambicioso – eliminar os conservantes artificiais de todos os restaurantes da cadeia de fast-food.
Do que ninguém estava à espera era da forma bizarra como a marca anunciou esta novidade. Num vídeo promocional com menos de um minuto, o novo Whopper lançado pela Burger King surge cheio de cor e devidamente iluminado, exaltando um aspeto apetitoso. É então ao som do tema de 1959 “What a difference a day makes”, de Diana Washington, que assistimos ao hambúrguer a apodrecer, ao longo de 34 dias. A alface é tomada por fungos, o pão perde volume e cresce uma espessa camada de bolor que deixa o Whopper praticamente irreconhecível. No final, a frase “a beleza da falta de conservantes artificias” remata a tese do anúncio.
“Nos restaurantes Burger King acreditamos que a comida de verdade é melhor” disse em comunicado Fernando Machado, o brasileiro que lidera a equipa de marketing da Burger King a nível mundial. “É por isso que nos estamos a esforçar para remover os conservantes, cores e sabores artificiais dos alimentos que servimos em todos os países”, acrescentou. No Twitter, a marca diz ainda que esta novidade deve estar até ao final do ano em todos os restaurante dos EUA.
Este anúncio vem marcar a posição da Burger King face às críticas de consumidores que acusam as grandes cadeias de fast-food de utilizar conservantes artificiais em quantidades “não aceitáveis”, sobretudo depois de alguns testemunhos terem mostrado hambúrgueres (da marca rival, McDonald’s) em excelentes condições de conservação passados vários anos.
Isso levou a empresa a emitir em 2013 um comunicado (“Resposta ao mito de que os hambúrgueres da McDonad’s não apodrecem”), no qual a marca alega que, nas condições certas, os hambúrgueres da marca, “como a maioria dos outros alimentos, também se decompõe”. Mas para isso é preciso um ambiente húmido propício ao crescimento de fungos e bactérias responsáveis pelo processo de decomposição, pode ler-se no comunicado.
Na sequência destes acontecimentos, a McDonald’s anunciou oficialmente em 2018 eliminar as carnes congeladas assim como todos os conservantes e corantes artificiais de sete dos hambúrgueres clássicos da marca, sobretudo o propanoato de cálcio – que impede o aparecimento de fungos no pão -, depois de vários estudos terem alertado para o perigo desta substância, capaz de causar “irritabilidade, inquietação, desatenção e distúrbios do sono em algumas crianças, assim como o ácido sórbido, que atrasa o processo de decomposição do queijo.
Além do fim dos corantes, conservantes e saberes provenientes de fontes artificiais, a Burger King já tinha também estabelecido uma meta em 2025 para eliminar todos os ovos produzidos por galinhas não criadas ao ar livre nos EUA, Canadá e México (ainda não estão definidas as datas para os outros restaurantes do mundo).