Jaime Catão planeava estar na China até ao início da temporada de futebol e quando aterrou em Wuhan, a 16 de janeiro, ainda não havia grande alarido à volta do novo coronavírus, que alastrava pelo país e pelo mundo, a uma velocidade há muito não vista. Com ele viajavam duas brasileiras – uma jogadora de futebol, acompanhada da prima – a postos para o início da temporada na Ásia, depois das festividades do Ano Novo Chinês. Uma semana depois ainda decorria tudo com a maior normalidade – e até já se tinham instalado. Mas de repente, o país paralisava e eles ficaram fechados em casa. Treze dias inteirinhos. Começava então a saga do regresso.
“Depois de contactar a embaixada, não estava a conseguir autorização para elas [as duas brasileiras acompanhava] embarcarem também no mesmo voo e eu não as podia deixar lá. Parecia uma cena de filme”, desabafa Jaime Catão, agora internado no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, a cumprir a quarentena voluntária, depois de lá conseguirem atravessar o aeroporto vazio de gente, só eles e as malas. É que receou mesmo terem de ficar – “Mesmo com dinheiro, não havia forma de sair dali”.
Com a cidade deserta e sem comida, sabia que irem-no buscar era uma operação complicada – e nem todos os que estavam na fila o podiam fazer, acrescenta, a lembrar-se do polaco que acabou por ficar em terra porque tinha a febre alta. Agora só espera ter alta e voltar a casa. “Regressar à China? Sim, sim, quando tudo tiver passado”. A sua quarentena termina no próximo domingo, 16 – se, depois disto tudo, a vida correr com normalidade.